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Opinião
21/10/2005 - 12h22
Entre a estupidez e o bom senso
João Luiz Mauad - MSM
 

O oportunismo, a falta de discernimento e a estupidez causam mais dano e sofrimento ao mundo que a perversidade e o egoísmo. Os aproveitadores, os obtusos e os estúpidos detém o imenso poder de destruir, mesmo quando bem intencionados. Para agravar o problema, eles também possuem uma forma de discurso que produz impacto mais potente e imediato na opinião pública do que a fria voz da lucidez e do bom senso.

A história do Século XX provou, de forma dramática, que o capitalismo liberal gera prosperidade e que todas as formas de estatismo e socialismo levam à pobreza e ao colapso. A riqueza das nações capitalistas, principalmente dos Estados Unidos, do Japão e da Europa Ocidental, é inegável. Enquanto isso, a experiência atroz do comunismo russo e de toda a cortina de ferro está também muito bem documentada.

Cuba é um bom exemplo de como uma economia pode, com a ajuda de meia dúzia de lunáticos, parar no tempo. Quem visita Havana tem a exata impressão de que voltou aos anos cinqüenta do século passado. Arquitetura, veículos e tudo mais permaneceu estagnado. Como nada é de ninguém, até a manutenção das coisas é precária. Mas o grande laboratório mesmo foi Berlim, cidade onde conviveram lado a lado, durante quarenta e cinco anos, separadas pelo muro da vergonha, a pujança capitalista e as deletérias práticas do comunismo. De um lado uma cidade moderna, um próspero centro comercial e financeiro, com o conforto e os benefícios que só o capitalismo produz, e de outro apenas desamparo, corrupção e um indisfarçável "salve-se quem puder". Uma diferença gritante, principalmente se levarmos em consideração o fato de que aquela experiência foi realizada em local com a mesma geografia, o mesmo povo, a mesma cultura, a mesma educação, a mesma história, enfim, os mesmos recursos humanos e naturais. Algo semelhante foi também testemunhado na península da Coréia.

Em termos empíricos, portanto, é incontestável a superioridade do capitalismo liberal comparado com quaisquer das formas de socialismo. Infelizmente, poucas pessoas estão conscientes dos fundamentos econômicos que o suportam, e menos ainda dos argumentos morais e filosóficos que o sustentam. Em evidente contraste, a lengalenga marxista é cada vez mais propalada pelo agressivo marketing esquerdista. Disfarçado pela máscara de um suposto caráter humanitário e apoiado no insidioso sofisma de que, nos regimes "burgueses", a riqueza de uns é o resultado da miséria de muitos (como se a economia fosse um jogo de soma zero, tal qual numa mesa de pôquer, onde para que uns ganhem, outros devem, necessariamente, perder), esse embuste econômico e filosófico vai, pouco a pouco, infectando as entranhas de inúmeras sociedades, inclusive a brasileira.

Marx não era um filósofo. Era no máximo, como bem definiu Carlos Alberto Montaner, um "profeta iluminado", que vaticinou a suprema estultice de que, ao se alterar o regime de propriedade (a estrutura), se modificariam a mentalidade social e as instituições (a superestrutura), dando lugar à aparição de um novo homem, uma virtuosa e solidária criatura que construiria o paraíso sobre a terra. Ocorre que, como demonstraram todos os ditadores que pautaram suas políticas nas idéias proféticas desse "historicista alemão" (apud Karl Popper), desde Lênin até Hugo Chaves, por trás do desmantelamento do sistema de propriedade privada nunca esteve à busca da eficiência econômica, mas somente o controle político. Onde não existe a propriedade privada é impossível a rebelião, ou a simples desobediência civil. Onde o Estado é dono dos meios de produção, a sociedade abaixa servilmente a cabeça, porque o governo controla inclusive o seu alimento, e as empresas são somente um elo a mais na cadeia repressiva. O cidadão nas mãos desse Estado é um ser totalmente indefeso e inerte.

De todos os tipos de organização econômica, portanto, o capitalismo liberal é o que apresenta as maiores virtudes. É o único que pode apresentar resultados, senão ideais, pelo menos razoáveis. A sua principal vantagem é precisamente a de que nele as pessoas estão liberadas para perseguir os seus interesses individuais, enquanto todos os sistemas socialistas/estatistas são dependentes das desejáveis, porém inconstantes e imprevisíveis, virtudes humanas, como a solidariedade, a "responsabilidade social", ou no ideal do "bem comum".

Só espero que os sabotadores, os covardes, os invejosos, os oportunistas e outros espécimes ordinários da raça humana não consigam matar a galinha dos ovos de ouro e transformar o mundo dos nossos descendentes numa enorme, miserável, infeliz e retrógrada aldeia, como aquela que descreveu Ayn Rand, no seu magnífico "Atlas Shrugged". Nem é preciso que melhorem a reputação dessa galinha mágica (ela nunca foi muito boa mesmo) aos olhos do grande público. Basta que não paralisem a sua incontestável vocação para a geração de riqueza e a sua capacidade razoavelmente boa de distribuição de produtos e serviços.


Nota do Editor: João Luiz Mauad é empresário e formado em administração de empresas pela FGV/RJ.

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