Não há dúvidas que o primeiro requisito a ser preenchido para um indivíduo vir a ser uma pessoa pública e vir a ocupar um cargo junto ao legislativo ou ao executivo seja este a nível Federal, Estadual ou Municipal é ser, no mínimo, um razoável mentiroso, não é mesmo? As lorotas são muitas, entretanto, a que mais males trás a nossa sociedade e que, por mais que os fatos desmintam constantemente esses biltres, nós, membros ativos e passivos da sociedade brasileira, continuamos a acreditar nela e cada vez com mais intensidade que é a velha lengalenga de que bom governante é aquele que gera empregos e alavanca o progresso e que eles, à frente do Leviatã Estatal, irão fazer a dita justiça social. Quem gera empregos, pra começo do causo não é o Estado, mas sim o setor produtivo. O que cabe ao Estado é garantir que existam regras claras para que se possa trabalhar e que estas regras sejam observadas com o devido zelo. Mas aqui, nestas terras de Pindorama, o primeiro a escamotear encima da Carta Magna são os nossos representantes das maneiras mais desavergonhadas possíveis. O exemplo mais gritante dessa situação que nos faz adoecer de corpo e alma é a morosidade da justiça em prender criminosos notórios que, mesmo depois de provas contundentes terem sido apresentadas contra eles, continuam a circular livres, leves e soltos, como são os casos de Waldomiro Diniz, José Dirceu, Roberto Jefferson (bem aposentado devido a seu crime) e tutti quanti. Aliás, além de continuarem livres rosnam feito a cães raivosos para se esquivarem da mínima punição que lhes deverá (esperamos) ser auferida. Mínima, pois o que mereciam mesmo era prisão. Ah! Eu havia me esquecido: a lei não permite a merecida punição porque foram eles mesmos que fizeram a lei que talvez os punirá, não é mesmo? Mas quem disse que esse missivista está rogando pela lei escrita. Eu estou falando de justiça a partir da letra não escrita pela mão humana. Pena que esta tarda, mas faz jus ao que ela representa. Mas, até lá, reflitamos mais sobre a nossa sociedade e nos critérios que elegemos para escolher os pusilânimes que poderão vir a nos representar, pois sofismas como mazelas, sempre irão existir para testar a têmpera de nossa alma.
Nota do Editor: Dartagnan da Silva Zanela é professor e ensaísta. Autor dos livros: Sofia Perennis, O Ponto Arquimédico, A Boa Luta, In Foro Conscientiae e Nas Mãos de Cronos - ensaios sociológicos; mantém o site Falsum committit, qui verum tacet.
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