O Dia do Armistício é o dia 11 de Novembro. Nessa data, em 1919, o Exército Imperial Alemão bateu em retirada para dentro das fronteiras do Segundo Reich. Foi uma data para lembrar a todos de como uma guerra só pode ser a continuação da política depois que se esgotam todos os meios de argumentação. Em 1945 houve uma rendição. Não um armistício. E, desde aquela bomba atômica em Hiroshima, o mundo dito democrático vem se colocando em beligerância contra o totalitarismo existente, numa relação cartesiana que vai se manter até o meu fim dos tempos, pelo menos. Falo no dia do armistício para justificar o meu voto "NÃO" neste plebiscito de fancaria que acontece dia 23 próximo. Eu não vou entregar, de mão beijada, a minha segurança pessoal e o meu direito ao livre arbítrio a um estado que não se garante. Ele não me demonstra firmeza nem credibilidade para tanto. Há 500 anos que o poder de polícia desse estado só vêm servindo para massacrar seu próprio povo. A falência desse poder de polícia vai ser efetivada com esse aviltamento do voto popular, na defesa dessa tese infantil, de que a proibição da comercialização de armas e munições para o cidadão comum vai diminuir a violência. Todos sabem que o que vai diminuir a violência é educação, saúde, saneamento básico e economia forte. Tanto o Xaxim do "cocadaboa" quanto o Fernandinho Beira-Mar da mídia factual vão continuar a ter acesso a armamento sofisticado como sempre tiveram. Já o cidadão comum vai ter que fantasiar sua defesa pessoal comprando a arma de um traficante, da mesma maneira pela qual compra a cocaína para as baladas das noites de sexta-feira. Falo em fantasiar defesa porque ter uma arma sem saber manejá-la é como ter um iPod sem música. Manejar arma se aprende em clube de tiro e não vendo filme na TV. E é isso que as duas facções ("SIM" e "NÃO") não explicam em suas campanhas. Eu não tenho arma e não pretendo comprar uma. Mas pode ser que eu mude idéia! E aí? Cuméquifica? Não vou entregar meu direito garantido a um bando de irresponsáveis e falastrões. Vou votar "Não" e fim de papo. Eu não vou me render. Vivo em armistício desde que nasci e não vai ser agora que a minha situação e qualidade de vida vão mudar, ainda mais depois do resultado dessa votaçãozinha de quinta. Repetindo: "Não". Nota do Editor: Luiz Sergio Lindenberg Nacinovic é jornalista.
|