Todo Cristão que tem uma vida espiritual ativa e sincera sabe quais são suas armas: não são carnais e sim poderosas em Deus para destruir fortalezas, anulando nós, sofismas e toda altivez que se levante contra o conhecimento de Deus (2Cor.10:4). Também sabe que a nossa luta não é contra o sangue e a carne, e sim contra os principados e potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas regiões celestes (Efe.6:12) e que, portanto, devemos tomar toda a armadura de Deus, para que possamos resistir no dia mau (Efe.6:13).

Nossa confiança está em Deus e sabemos que se o Senhor não guardar a cidade, em vão vigia a sentinela (Sal.127:1). O rei Davi festejou sua segurança e declarou: Feliz o homem que põe no Senhor a sua confiança... eu sou pobre e necessitado, porém o Senhor cuida de mim (Sal.40:4 e 17). Nessa confiança ele enfrentou o gigante Golias declarando: "Tu vens contra mim com espada, e com lança, e com escudo; eu, porém, vou contra ti em nome do Senhor dos Exércitos”. (1Sam.17:45).

Então, narra a Bíblia, "Davi meteu a mão no alforge, e tomou dali uma pedra, e com a funda lha atirou, e feriu o filisteu na testa... e ele caiu... e tomou-lhe a espada e o matou, cortando-lhe com a cabeça" (49-51). Davi enfrentou o gigante com sua fé e o matou com sua pequena arma e o degolou com a arma do próprio inimigo. Eram a funda, a pedra e a espada armas espirituais? Certamente, não! A arma espiritual era sua confiança em Deus que o capacitou ao enfrentamento e a usar com precisão as armas humanas, amadoras, que dispunha! O profeta Joel conclama o povo a se armar para uma guerra santa: "Forjai espadas das vossas relhas de arado e lanças de vossas podadeiras" (Joel 3:10). Essas espadas e lanças eram armas espirituais? Não! Eram armas de guerra, humanas, para enfrentar os dominadores que oprimiam o povo de Deus. A orientação do evangelho é que devemos enfrentar e resistir aos dominadores, às potestades do mal, anulando seus argumentos (sofismas). Não devemos lutar contra sangue e carne (pessoas) e sim contra suas maquinações malignas que objetivam enganar e dominar o povo de Deus. Há uma equivocada compreensão acerca da utilização de armas humanas pelos cristãos, imputando a essas o condão de malignidade, como se fossem satânicas, acreditando que os "homens de bem" não se utilizam delas.

As armas humanas não são necessariamente malignas. Maligna é a tentativa de desarmar o povo e torná-lo indefeso. Vale lembrar que desde os tempos mais remotos a Bíblia relata o uso de armas em defesa da vida e da propriedade: "Se um ladrão for achado arrombando uma casa e, sendo ferido, morrer, quem o feriu não será culpado do sangue”. (Exo.22:2). Para os defensores da tese "que não é essa a orientação cristã", sugiro que examinem melhor as palavras de Jesus registradas em Luc. 22:35:38: "Disse-lhes: pois, agora, aquele que tiver bolsa, tome-a, como também o alforge. E o que não tem espada, venda o seu vestido e compre-a. Porquanto vos digo que importa que em mim mesmo se cumpra aquilo que está escrito: E com os malfeitores foi contado. Porque o que está escrito de mim terá cumprimento. E eles disseram: Senhor, eis aqui duas espadas. E ele disse: basta".

Para os espiritualizadores de armas humanas, seria interessante relembrar o episódio que envolveu Pedro quando da prisão de Jesus (Luc.22:49-51). É certo que nossa confiança está no Senhor e é Ele quem nos orientará e capacitará a usar as armas que dispormos para a guerra, seja ela na dimensão espiritual, ideológica ou social. Vigiai e orai.

Nota do Editor: Elizier Trindade é pastor da Igreja Presbiteriana em Aldeia da Serra - SP.