Meu amigo Adamastor ficou injuriado com o bispo ítalo-paulista que quis fazer sucesso no nordeste-bahiano. Ele disse que também vai fazer uma greve de fome até a Igreja acabar com o celibato dos padres. Ia falando em pedofilia, mas pedi que calasse. E pretende que a sua greve seja em frente à casa do tal bispo que recebeu a visita de tristes figuras e, ainda, segundo ele, tomava todas as noites uma sopa trazida por uma beata em caneca que dizia conter água. Maluquices à parte, de lá e cá, deixo claro que crônica não tem a obrigação de ser séria e profunda como um editorial, mas pode expressar revolta quando muita gente quer continuar usando a "indústria da seca" com carros-pipa, frentes de serviços e cestas básicas para ganhar dinheiro, votos e fazer média com eleitores incautos. Tem gente achando que sofrimento é destino e não vale a pena acabar com a miséria real da parte seca do nordeste. Há revolta quando gente fica do contra só porque imagina o Presidente Lula ganhando a reeleição se iniciar a transposição de águas do Rio São Francisco para Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará. Ora, todo político quer ser reeleito, inclusive os que criticam a transposição porque estão do outro lado do rio. Digo melhor, em outro palanque. Querem colocar urucubaca em tudo o que o nordeste real produz ou faz, para usar um termo da semana. Todos sabem que só serão utilizados menos de dois por cento das águas do Velho Chico. Todos sabem que, por conta disso, a Chesf não produzirá menos energia. Todos sabem que o Rio São Francisco precisa ser revitalizado. Isso é antigo, para não dizer centenário. Mas, uma coisa não implica em outra. Ocorre, entretanto, que a mídia dá cobertura às tristes figuras, criando obstáculo e citando problemas para a transposição. Simplesmente, a grande imprensa se lixa para quem não tem como viver com dignidade no semi-árido nordestino. Eles não são o público-alvo, o "target" de consumo e não contam nas pesquisas qualitativas. Os quase 5 bilhões de reais, pensam, seriam bem mais aproveitados em empréstimos para bancos que quebram, multinacionais que repatriam lucros, companhias quase insolventes como as de aviação e outros tomadores (na fiel expressão da palavra) que tais. Como diz o Lula: a turma do Flamengo não quer que o Vasco ganhe e a turma do Vasco quer a derrota do Flamengo. O grande problema é descobrir quem torce Vasco ou Flamengo e se o árbitro não faz parte da máfia do apito. Imaginem se não fossem todos brasileiros. Xô urucubaca.
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