Que mensagens passam os resultados do referendo de 23/10? 1- Que há um enorme divórcio entre povo e Estado, especialmente a sua fração legisladora; 2- Maior ainda entre o eleitorado e classe dirigente, os ditos “políticos”; 3- Que fatos novos importante são agora determinantes na formação da opinião pública, reduzindo o poder da mídia tradicional, as TVs abertas e os grandes jornais. Ganhou destaque a mídia da Internet, que decidiu o referendo; 4- Que o povo pensa harmonicamente de Norte a Sul, pois em nenhum estado houve derrota do “Não”; 5- Que a estratégia adotada pelas esquerdas de enganar o povo, a partir do domínio da mídia tradicional e do mundo universitário, desabou. O mesmo fenômeno viu-se nos EUA com a eleição de George Bush. Seu monopólio quebrou-se; 6- Que há um grande espaço político para o crescimento das plataformas liberais e conservadoras, a chamada direita política, ausente há anos do cenário nacional; 7- Que o povo não é bobo, não pode permanentemente ser enganado. Foi um resultado sensacional. Vi as pessoas votando de forma consciente, determinada, em defesa de um direito natural. O instinto de perigo funcionou. Votaram também contra a empulhação, o circo dos “pela Paz”, dos que defendem os bandidos e condenam as pessoas de bem. Votaram contra as frases feitas, contra a armação do conluio entre artistas globais e os bem pensantes da mídia. Contra os que ignoram a natureza humana. Armas não matam, são pessoas que matam, diz o resultado do referendo, sabiamente. Pela primeira vez em décadas os brasileiros deixaram claro que o Estado exorbita, falha, invade e por isso precisa ser corrigido. É o fracasso redondo dos esquerdistas. O bom senso prevaleceu, triunfou a racionalidade. Antes assim. Se o “Sim” fosse aprovado estou certo de que caminharíamos para a implantação rápida de uma ordem totalitária, com apoio em eleições, como vimos na Alemanha nazista. Não pelo efeito prático em si de manter o comércio de armas e munições, mas pelo fortalecimento político que a fração leninista da nossa classe dirigente teria, criando uma inércia que poderia sacrificar toda a Nação. É difícil teorizar sobre o que poderia ter sido, mas disso não tenho dúvida, de que a esquerda golpista sofreu contundente derrota. Muitos políticos oportunistas perderam a oportunidade de ficarem calados. Alguns, como Geraldo Alckmin, não precisavam posar de politicamente corretos, declarando o voto na causa contrária à vontade da maioria qualificada da Nação. Esses políticos precisarão agora repensar a sua estratégia de comunicação com o fito das eleições majoritárias do ano que vem. Quem quiser ser presidente não pode ficar contra a esmagadora maioria do eleitorado. Ficaram muito mal na fotografia. Referendos são coisas raras de acontecer. São momentos cívicos capitais, que não se esgotam no mero “Sim” ou “Não” escolhido. O povo, lê-se com clareza, despreza seu governo, sua classe política, seus comunicadores, seus parasitas de todos os dias. Está cansado, pronto para um novo capítulo da nossa História. É necessário que surjam nomes de estadistas que possam catalisar esse sentimento, transformando-o em plataformas políticas eleitoralmente viáveis. A mensagem está clara como a água. Dia 23 não foi um dia qualquer. Foi glorioso. Acho que marcou um novo tempo. Quem viver verá Nota do Editor: José Nivaldo Cordeiro é economista e mestre em Administração de Empresas na FGV-SP.
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