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Opinião
28/10/2005 - 15h31
Reflexões sobre o Referendo
Cândido Prunes - MSM
 

É impossível não lembrar a célebre frase do presidente americano Abraham Lincoln (1809 - 1865) diante do resultado do referendo de 23 de outubro: "Pode-se enganar todo mundo durante algum tempo, e certas pessoas durante todo o tempo, mas não se pode enganar todo o mundo todo o tempo". A resposta inequívoca (64%) dada pelos eleitores favorável à comercialização de armas propõe várias reflexões:

1) A população se deu conta de que o referendo era inútil diante das restrições impostas pelo Estatuto do Desarmamento à posse de armas, desde o final 2003. Atualmente, apenas quem for maior de 25 anos, sem antecedentes criminais, com ocupação lícita, endereço certo e comprovada qualificação psicológica e técnica é autorizado a comprar uma arma de pequeno calibre;

2) Os eleitores perceberam a manipulação dos que defendiam o "sim": começando pela demagogia do referendo, passando pela pergunta capciosa, o apoio do "beautiful people" comprometido com o "politicamente correto" e terminando com as primeiras pesquisas de opinião que indicaram esmagadora vitória do "sim";

3) Quem acompanhou os debates sobre o desarmamento dos cidadãos honestos pela internet já constatava que a maioria das pessoas se definira pelo "não". Muito mais do que os minutos de "esclarecimento" no rádio e televisão, a internet foi o grande veículo para a divulgação de informações não manipuladas, distorcidas ou mentirosas. Valeria um estudo mais profundo sobre o efeito da internet na formação da opinião pública. Esse efeito certamente se fará sentir nas próximas eleições;

4) Algumas pesquisas questionáveis identificavam que homens brancos, de alta renda e escolaridade (a imagem da execrável "elite") eram predominantemente favoráveis ao comércio de armas. O resultado do plebiscito demonstrou justamente o contrário. Até mesmo nas regiões de mais baixa escolaridade o "não" predominou;

5) O desprestígio das atuais autoridades federais também teve um importante papel, ainda que de difícil quantificação. Muitos eleitores, ao ouvirem o Presidente da República ou o Ministro da Justiça defenderem o "sim", desconfiaram de que a proposta continha, no mínimo, um equívoco. Houve eleitores - e o seu número não deve ser desprezado - que simplesmente votaram "não" pelo prazer de contrariar o Governo; e

6) Os cidadãos demonstraram que não acreditam na capacidade do poder público de conter a violência dos criminosos. Não aceitaram delegar o tênue fio que a lei ainda lhes permite de legítima defesa para um aparelho policial que, na melhor das hipóteses, é ineficaz.

A resposta das urnas irá incitar algumas das lideranças derrotadas no referendo a clamar contra o "lobby da bala", como se ele de fato tivesse existido e contado com volumosos recursos. A votação maciça e uniforme em todo o território nacional e em cada uma das urnas demonstrou, na verdade, que não é possível enganar todo o povo por todo o tempo. Um bom recado para quem for disputar eleições em 2006.


Nota do Editor: Cândido Prunes é contribuinte do imposto de renda, bibliófilo, ensaísta, advogado no Rio Grande do Sul e em São Paulo, pertence ao Conselho Editorial da Revista "Banco de Idéias" e é membro da Sociedade Mont Pélerin.

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