É provável que não haja pessoa que não tenha ficado estarrecida com tantos escândalos no País. Junto com os escândalos, uma guerra de pedras com atiradores de todos os lados. Aliás, atirar pedras no telhado dos outros se tornou um esporte nacional. Talvez já seja até mesmo, em qualquer lugar do mundo e, agora cada vez mais globalizado, vai se tornando mesmo, esporte mundial. O problema é o viés canibalesco que o mesmo incorpora no âmbito Brasil. Todos sabem que o termo canibalismo se aplica para a prática ocorrida entre membros da mesma espécie. Nessa análise, sem nenhuma conotação darwiniana, cada "espécie" tem sua identificação dentro da espécie humana. No caso dos partidos políticos, enfoca-se a "espécie política". Se você pega uma revista de assuntos econômicos, vai encontrar casos da "espécie empresarial" e assim por diante, em cada segmento ou... "espécie". Mas, no espírito da globalização, aonde tudo vai se misturando no conceito lato de "politicamente correto", as espécies misturadas no gênero humano, fico imaginando um ensaio, através do qual, recorreríamos aos serviços de pesquisadores e de um estatístico. Estratificaríamos toda a população brasileira em graus de culpabilidade e, se quisermos, poderemos dividir tal culpabilidade nos dois aspectos: doloso e culposo. Independente de qualquer "espécie". Então, por analogia, poderíamos dizer que cada ponto negativo, culposo ou doloso, corresponderia a uma telha de vidro. Bem, você poderia estar pensando: "puxa, mas esse cara está generalizando!" De certa forma, você tem razão. Afinal, por qualquer um dos dois conceitos, todos nós somos culpados, direta ou indiretamente de alguma coisa, com ou sem conhecimento do que é lícito ou não - e entenda-se lícito em relação ao aspecto legal e não moral ou ético. A base do ensaio seria sobre este ponto, somente. A partir dos 10 anos de idade, está bom? Ok, tudo bem, ficamos com 14. Talvez você concorde então, que não há ser vivente com mais de 14 anos de idade que tenha capacidade de conhecer todas as leis, portarias, decretos, normas, atos normativos etc., etc.,etc., feitas no Brasil, todos os dias, nos milhares de gabinetes da gigantesca "burrocracia" tupiniquim. Especialmente pelo fato de ninguém jamais ter sido consultado sobre a necessidade e respectiva aprovação de cada nova regra para que seja respeitada e cumprida. Tudo é imposto. Assim, sob o ponto de vista legal vigente, todos nós somos culpados! E assumimos ainda, a responsabilidade dos atos de nossos filhos com menos de 18. Xi! Nossos telhados, quantas telhas de vidro terão? Pois bem, esse canibalismo que assistimos todos os dias nas telinhas de TV, pode nos fazer pensar que estamos passando por um processo de limpeza no País. Creio que isso seja válido. Mas o direito ao contraditório está bem presente em determinados setores da sociedade e em outros não. Se aquele ensaio que mencionei fosse levado à sério talvez surgissem perguntas: como chegamos a isso? Porque somos, enquanto cidadãos comuns, culpados até prova em contrário? Quer testar se você é tido como culpado? Simples: faça uma ficha de cadastro, seja no setor privado ou público. Ninguém acredita em uma palavra do que você escreveu e se comprometeu, sob as penas da lei, pois lhe obrigam às provas em documentos autenticados. Essa Nação que se tornou cartorial - tanto no setor público quanto no privado - tem como fruto, a "burrocracia" e a desconfiança. Estas se tornaram institutos nacionais. Uma das causas encadeadas é a necessidade de poder que todas as autoridades têm, pequenas e grandes, em todos os setores da vida. É da essência humana. Desafortunadamente, talvez, o Brasil, ainda um tosco projeto de Nação, optou por um modelo organizacional de centralização político-administrativa e financeira, amarrando tudo em um nó górdio na Capital Federal. E, coerentemente à essa ação centralizante, horizontalizaram-se a maioria das regras para todo o País. Seria possível uma lista interminável, de regras e obrigações iguais para todos em todo esse mundão de brasis. Deram a isso o nome de República "Federativa" e se alardeia pelo mundo, de que isso é uma democracia. Para falar e até mesmo publicar um artigo como esse, sim, temos democracia. Mas parou por aí. Bem, você deve estar se perguntando, novamente: "mas o que o telhado de vidro tem a ver com isso?". Posso afirmar: tudo! O que está ocorrendo, agora até mesmo com aqueles dos quais não se esperava estarem envolvidos, nada mais é do que reflexo desse modelo de construção de país que vem sendo adotado. A nova pergunta que talvez poderia ser feita é: "o que adiantará tudo isso?" Novamente há razão na pergunta. Creio que pouco adiantará, pois, como neste momento de terrorismo mundial suprimem-se liberdades com burocracia e controles, é o que acontecerá neste aspecto também. Quem sabe, se ao invés de nos preocuparmos com os telhados alheios, possamos, como na conclusão do ditado, cuidarmos de nossos próprios telhados, desde que tenhamos liberdade para isso? Será então, necessário rever todo esse projeto esquisito de Nação que se teima em fazer, desde o modelo organizacional, financeiro, judiciário, até o político. Poderemos usar muitas das pedras que estão sendo atiradas sobre outros telhados, como elementos de base das estacas e vigas de baldrame para uma nova democracia em um novo projeto de Nação. Sem canibalismo, sem pedras na mão, o Partido Federalista (www.federalista.org.br), que estamos criando, propõe uma nova planta baixa para o Brasil, através do federalismo, com autonomias aos estados e municípios, alterando toda a estrutura de poder, de maneira que, cada local, cada região, cuide de seu quintal e... de seu telhado. Somente dessa forma conseguiremos harmonizar os instintos naturais do ser humano, como ambição e poder, com os interesses coletivos. Ou seja, essas forças passam a ser mais cooperativas do que nocivas. Aliás, a cooperação é também, um dos instintos humanos. Sobrepujá-la com o descontrole do poder e ambição desvairados proporcionados pelas oportunidades dos centralismos e cartorialismos instalados aos "mais espertos" geram, como gerou, todo esse conjunto de "rabos presos" e telhados de vidros, pois outro instinto humano é mola mestra de tudo: a sobrevivência. Basta juntar esses elementos e não será difícil compreender o que se passa. Quando existir a compreensão de que há uma lei universal, imutável desde o Princípio, indiscutível e plenamente acatada por ser justa e... democrática, apesar de imposta - a Lei da Causa e do Efeito - não perderemos mais tempo precioso de nossas vidas combatendo os efeitos. A Lei da Causa e do Efeito é implacável e vale para tudo na vida, em todos os sentidos. Para cada tipo de causa, teremos um efeito. E, efeitos são sentidos, tem conseqüências. E se você pensou nesta última frase - "tem conseqüências" - com viés negativo, lembre-se que conseqüências também podem ser positivas. Basta mudar a causa. E temos muitas causas para mudar. Quem sabe, começando por onde tudo começa: na própria mente. Nota do Editor: Thomas Korontai é agente oficial e consultor especializado em propriedade industrial (www.komarca.com.br), autor de centenas de artigos sobre propriedade intelectual, federalismo e comportamento, publicados em diversos jornais e revistas. Foi fundador e líder de diversas entidades e movimentos, e autor de ações populares de nível federal. Autor dos livros Brasil Confederação (1993 download gratuito em www.federalista.org.br), É Coisa de Maluco...? (1998) e Cara Nova Para o Brasil - Uma Nova Constituição para Uma Nova Federação, a ser lançado em breve. Propõe o federalismo pleno das autonomias estaduais e municipais desde 1991. Fundador e Presidente Nacional do Partido Federalista (em formação) e Presidente do IF Brasil - Instituto Federalista - www.if.org.br. Reside em Curitiba (PR).
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