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Opinião
03/11/2005 - 17h08
Prioridade enganosa
Corsino Aliste Mezquita
 

No discurso de nossos políticos e, freqüentemente, também daqueles que estão envolvidos no processo educacional e se consideram donos da verdade, A EDUCAÇÃO, é apresentada como prioridade. Analisando os resultados colhidos, nas avaliações praticadas com alunos e docentes, tanto de âmbito nacional como internacional, as conclusões indicam ser uma falsa prioridade, os discursos não corresponderem à realidade e, com eles, pretenderem enganar o povo e os próprios educadores.

As causas dessa preocupante situação são várias e se manifestam em todos os ambientes educacionais. Os cidadãos podem observa-las nas escolas de seus filhos. Algumas mais evidentes e que não dá para mascarar podem ser observadas por todos.

Prédios escolares precários. Em âmbito nacional, por volta de 25% ou um quarto, não possuem energia elétrica, água encanada, esgoto, material pedagógico e ambientes externos de recreação e prática de esportes.

Ausência, quase total, de ambientes complementares e necessários para uma educação de qualidade como: Laboratório, Biblioteca, Sala de Informática, de Artes, de Educação Física, Refeitório, Cozinha etc.

Classes superlotadas e com excessivo número de alunos que impedem um trabalho produtivo e esgotam as energias do professor, fazem que a sociedade o responsabilize pelo fracasso e que ele se sinta amargurado.

Remuneração insuficiente para que, dirigentes, professores e funcionários, tenham uma vida digna e disponham de recursos e tempo para investir na própria formação, na preparação das aulas e no crescimento profissional. Decorre, dessa insuficiente remuneração, a falta de professores, já perceptível em quase todos os estados e municípios, principalmente, para as disciplinas de Ensino Médio e Profissional.

Controles disciplinares, de supervisão, avaliação, assistência pedagógica etc., são, praticamente, inexistentes. Não é raro existirem programas e projetos que só ocorrem no papel ou tem realização só de fachada.

A sociedade, por sua vez, não valoriza a educação, não a exige dos poderes constituídos, não fiscaliza a qualidade das escolas de seus filhos. Essa cultura de desinteresse é reforçada pelas dificuldades que os pais tem para se relacionar com as escolas de seus filhos em clima de respeito. Acrescentemos a isso que, o pai que reivindica e denuncia, é ameaçado, perseguido, destratado e caluniado.

Conseqüências, dessa cultura de desinteresse, não cobrança e medo, são os desvios das verbas da educação para atender outros afazeres sociais que, na mentalidade dos governantes, são mais simpáticos à população e propiciam mais votos como: esportes, cultura, assistencialismo, ajuda a entidades e outros processos. Desvios que, mesmo sendo vedados pela Lei 9394/ 96 - Lei de Diretrizes e Bases da Educação -, acontecem e impedem que, as Secretarias Municipais e Estaduais de Educação, honrem seus compromissos fundamentais.

Participando de congressos de educação, simpósios, reuniões da UNDIME (União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação), pude observar que alguns dirigentes municipais de educação, não possuíam conhecimentos administrativos, pedagógicos, de recursos humanos e não tinham energia de caráter e força política para controlar e aplicar, EM EDUCAÇÃO, os recursos destinados por lei. Os dirigentes que possuíam essa autonomia e tinham essas qualidades faziam verdadeiros milagres.

Outra prova dessa prioridade enganosa é a descontinuidade nos processos educacionais, a cultura novidadeira, os eternos descobridores da roda e iniciadores da história. Nada do que fez uma administração serve para a seguinte, mesmo que sejam leis que fixam processos, etapas e metas para os próximos dez anos, tenham sido elaboradas com a participação de todas as forças cívicas da comunidade e aprovadas por unanimidade pelo Poder Legislativo.

Essa falta de continuidade, não dar seqüência aos processos e etapas a seguir e não visar alcançar as metas anteriormente propostas levam ao atraso, ao descrédito e ao descontrole.

A situação nacional e da maior parte dos municípios é grave e não permite tergiversações e culpar o passado. Ou se toma a educação como prioridade real e absoluta, e não apenas como retórica para continuar enganando, ou a falta de educação continuará causando grandes danos ao nosso desenvolvimento, progresso e qualidade de vida.

Dias passados, o Jornal Nacional da TV Globo, apresentou seis reportagens destacando o progresso de seis países que, até 1970, estavam mais atrasados que o Brasil. Segredo do desenvolvimento: A EDUCAÇÃO. A educação tratada com seriedade, honestidade, investimentos maciços; horário integral para todos os alunos, classes comuns com um máximo de 25 (vinte e cinco) alunos, classes de línguas e laboratórios com um máximo de 15 (quinze) alunos, atendimento qualificado e especializado para alunos com necessidades especiais; professores bem preparados, dignamente remunerados, em regime de dedicação exclusiva, honestos, assíduos, constantemente assistidos e periodicamente avaliados; investimentos em pesquisas educacionais e materiais pedagógicos. Todo esse rol, coroado com pesquisas científicas de ponta, em todos os campos da vida social, legislação clara e estável e processos, etapas e metas continuamente aperfeiçoados, durante os últimos trinta anos, mesmo que tenha existido alternância de partidos políticos, no governo desses países.

A receita é fácil. Só, ter seriedade, honestidade, vontade, visão de futuro e tratar a EDUCAÇÃO como prioridade.


Nota do Editor: Corsino Aliste Mezquita, ex-secretário de Educação de Ubatuba.

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