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SEÇÃO
Crônicas
03/11/2005 - 19h10
Quando os personagens já estão criados
Helena Sut - Agência Carta Maior
 

Arritmia. A razão rende-se às fantasias e o desconhecido transforma-se na possibilidade de realização dos sonhos mais íntimos. A projeção da obscuridade no espelho do mundo em busca dos contornos que rabiscam a própria carência sombreada e refazem o brilho das primitivas paixões. Um olhar que se entrega com um talvez tatuado nos medos de vivências anteriores, um olhar que se prende na expectativa de uma nova chance, um olhar que se perde no misterioso mundo de sentimentos do outro...

Abre-se a janela. Luz! A vida desponta no horizonte redescoberto. Os caminhos não são distantes das emoções. A crença de que as partidas podem coincidir com as chegadas arraiga-se nas promessas mútuas.

Pela primeira vez! Nunca tão intenso!

As palavras tentam compor a singularidade do encontro, o êxtase do prazer reencontrado no outro. Primeiros momentos marcados ainda com muita hesitação, o limite do outro, até onde me sentir, senti-lo ou sentir-nos... Outros momentos de certeza, o ritmo aproximado das emoções, troca de confidências e as primeiras arestas... O passado não cicatriza da mesma forma nos amantes: o que um relegou ao esquecimento, o outro abre na ferida do ressentimento. As primeiras imagens no espelho mundano parecem distorcer as ilusões iniciais.

Abre-se a porta. Ar! Alguns pensamentos deveriam ser afastados. Lembranças que sufocam e prendem o futuro num ar viciado. Receios de que, se lançados ao vento, não impediriam a manifestação autêntica do querer estar... Talvez abandonar as falas decoradas e deixar o outro se apresentar e crescer como um personagem inédito... Talvez encasular o que não tem mais asas...

Estou acostumado... Já não dói... Já não creio... Já vivi...

Os discursos assumem o declínio das expectativas. O que fora anunciado como o novo, torna-se a possibilidade de sentir novamente e posteriormente um obstáculo para não reviver o sofrimento.

O olhar fecha-se. Um espelho cerrado de amanhãs. Cada um percebe em si o andamento do enredo, protagonista do próprio medo; cicatriza a imagem do que poderia ter sido se a narrativa já não estivesse viciada com os personagens preconcebidos, autor do próprio desfecho, e permanece passivo às desilusões, espectador do repetido drama.

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