14/09/2025  00h54
· Guia 2025     · O Guaruçá     · Cartões-postais     · Webmail     · Ubatuba            · · ·
O Guaruçá - Informação e Cultura
O GUARUÇÁ Índice d'O Guaruçá Colunistas SEÇÕES SERVIÇOS Biorritmo Busca n'O Guaruçá Expediente Home d'O Guaruçá
Acesso ao Sistema
Login
Senha

« Cadastro Gratuito »
SEÇÃO
Opinião
05/11/2005 - 17h00
À margem do referendo: Erasmo e Brecht
Percival Puggina - MSM
 

Já passou da hora de os institutos de pesquisa revisarem seus procedimentos, ou de a legislação eleitoral repensar a liberdade que lhes concede. Estão falhando demais. E creio que essa é a primeira constatação que nos impõem os números que estão sendo divulgados. Como aceitar que tais organismos, errando como têm errado nas últimas oportunidades, possam exercer sobre a política, através da opinião pública, o poder que exercem?

Não me recordo de outra ocasião em que nosso povo tenha tido oportunidade de se manifestar sobre algo tão estreitamente relacionado com a utopia quanto neste domingo. O que estava em discussão, de fato, era exatamente isto: um delírio utópico. "Adeus às armas" e viveremos em paz é coisa de lunático, algo que entra em contradição com toda experiência humana e o eleitor brasileiro percebeu. Só o tempo nos dirá, no entanto, se esse momento de contato com o realismo exercerá influência sobre outras decisões políticas que deveremos tomar nos processos eleitorais vindouros. Até agora, a cada pleito, vinha crescendo a adesão da sociedade brasileira às utopias esquerdistas. A maior parte dos desencantados com o governo Lula, por exemplo, é constituída por pessoas que acreditavam piamente na utopia petista que, na oposição, tinha solução para tudo e acusações contra todos.

Mas se a tese central da proibição do comércio de armas e a publicidade do "Sim" era um delírio, um "elogio à loucura" (para adotarmos o título da obra de Erasmo), os argumentos usados para tentar roubar aos cidadãos brasileiros um direito natural à legítima defesa, era um elogio à mentira. Esse elogio é feito por Bertold Brecht em "Die Massnahme", na famosa frase em que exalta o compromisso dos comunistas com a causa e o papel que a mentira representa para sua vitória. Portanto, entre Erasmo e Brecht, entre a loucura e a mentira, andaram a tese e a campanha do "Sim".

Domingo foi um dia esplêndido. A derrota do governo e do partido do governo, comprometidos até as orelhas com o referendo e com o "Sim", a derrota da Rede Globo e seus astros, a derrota das ONGs internacionais, a derrota da Glock (fabricante austríaca de armas) e de seus interesses no referendo brasileiro, e a derrota pessoal de Lula, que escreveu um artigo para a Folha de São Paulo com o título "Mais vida, menos armas", foram vitórias do discernimento do cidadão brasileiro. Ele percebeu onde estavam a loucura e a mentira. A utopia e a mistificação.

Agora é a vez do Congresso Nacional. A derrota do "Sim" pode e deve ser entendida como um veto nacional ao próprio Estatuto do Desarmamento, que precisa ser repensado em sua concepção. Caiu o disposto no art. 35 (a proibição à comercialização), mas o resultado foi tão acachapante que os senhores congressistas devem repensar muitas demasias embutidas na lei que aprovaram.


Nota do Editor: Percival Puggina é arquiteto, político, escritor e presidente da Fundação Tarso Dutra de Estudos Políticos e Administração Pública.

PUBLICIDADE
ÚLTIMAS PUBLICAÇÕES SOBRE "OPINIÃO"Índice das publicações sobre "OPINIÃO"
31/12/2022 - 07h25 Pacificação nacional, o objetivo maior
30/12/2022 - 05h39 A destruição das nações
29/12/2022 - 06h35 A salvação pela mão grande do Estado?
28/12/2022 - 06h41 A guinada na privatização do Porto de Santos
27/12/2022 - 07h38 Tecnologia e o sequestro do livre arbítrio humano
26/12/2022 - 07h46 Tudo passa, mas a Nação continua, sempre...
· FALE CONOSCO · ANUNCIE AQUI · TERMOS DE USO ·
Copyright © 1998-2025, UbaWeb. Direitos Reservados.