Esta homenagem muito me envaidece. Recebo-a desta CASA A CASA DA LIBERDADE onde o PODER deve ser contido. Portanto, recebo-a do Povo. Maior homenagem? Impossível!!! E também por ser um título de AMOR Amor por esta terra abençoada que me recebeu há 55 anos. Há 55 anos tive uma paixão Irrefreável Dizem que toda a paixão é um desvario E foi AMOR à primeira vista!!! Fiz à minha amada, como todo enamorado Um poema: mulher divina mulher quero conservar-te sempre este instante desejo este presente eterno toco o perímetro deste círculo de fogo ardo-me literalmente ver-te, como me delicia alucina-me mulher ideal mulher irreal anjo-fada em quanto de teus sonhos flutua meu mundo marinheiro Os anos levaram-me a seus tesouros, a seus sacrários: quando à tarde as cores perdem os excessos as silhuetas esmaecem em fundo cinza as raízes silenciam no âmago das sombras o caminho funde-se à montanha o rio perde-se do seu destino pressente-se o mistério prestes a se revelar Mas os ventos da liberdade da pátria retornaram-me a São Paulo. Participei de um grupo que elaborava a Reforma Agrária. Sonhávamos uma terra feliz, trabalhávamos a fé e a esperança. Mas, sempre que havia uma brecha naquele vertiginoso processo, invadia-me intensa saudade desta terra bendita, parte crucial de minha vida. E que saudade! Serei porto-espera saudade de água em cada pedra Veio 1964 e o sonho acabou. Seguiram-se dias soturnos. No exílio saudade desta terra Paixão perene Voltei Desgraçadamente, o que presenciei, estarreceu-me! A natureza e os homens avassalados Muitos pescadores perderam suas terras Seus ranchos de canoa Seus sonhos... De senhores do mar Admiravelmente livres, Encontrei-os Esvaziados de horizontes UBATUBA que poder terrível degenerou tuas sagradas praias brancas rosas vermelhas plácidas silenciosas arrebatadas que poder terrível degenerou tuas infinitamente belas praias teus mares verdemente azuis em mangues de morte que maldição assola teu povo exílio definitivo e os poucos que ainda restam semeiam a lanço seus derradeiros sonhos e recolhem o sarcasmo de malhas vazias Senhor Prefeito Municipal desta Ubatuba Encantada Senhor Presidente, Senhores Vereadores desta Casa Que almeja a liberdade e igualdade do Povo Ilustres co-homenageados desta noite Senhoras e senhores Agradeço Emocionado A lembrança do meu nome pelo Vereador Charles Medeiros Amizade que muito me eleva Deus permita não a deslustrar Desta Tribuna que é do POVO Conquista árdua do POVO Portanto SAGRADA Ofereço um poema aos que se sacrificaram Pela LIBERDADE Entre eles, amigos saudosos Falo em liberdade, especialmente aos Senhores a quem confiamos Nossos SONHOS Nossas ESPERANÇAS Nosso DESTINO há uma minoria cunhando esta época há muitos mártires ao longo da rota liberdade iniciada com o primeiro índio trucidado conluiada nas catacumbas das minas soluçada nos calabouços das vilas-ricas desfraldada em carnes rosa-dos-ventos do quadrante dor há muita coisa proibida a seviciada liberdade a degradada liberdade a subversiva liberdade o poder está atento pronto a coibir sonhos eles praguejarão o ar com gestos malditos mas como é contagiante a liberdade Flávio Girão Carvalho Cidadão Ubatubense
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