14/09/2025  00h59
· Guia 2025     · O Guaruçá     · Cartões-postais     · Webmail     · Ubatuba            · · ·
O Guaruçá - Informação e Cultura
O GUARUÇÁ Índice d'O Guaruçá Colunistas SEÇÕES SERVIÇOS Biorritmo Busca n'O Guaruçá Expediente Home d'O Guaruçá
Acesso ao Sistema
Login
Senha

« Cadastro Gratuito »
SEÇÃO
Opinião
09/11/2005 - 20h01
O ouro de Cuba
Ipojuca Pontes - MSM
 

Jornalistas aderentes ao socialismo e até mesmo vinculados a empresas do governo, além do próprio governo-partido ora no Poder, questionam com maior ou menor grau de indignação a bem formulada reportagem da revista Veja (2/11/2005) a respeito do envio dos dólares cubanos para a campanha de Luiz Inácio Lula da Silva em 2002. Um deles, Clóvis Rossi, mais arrojado, disse que "se Fidel quisesse de fato financiar a campanha de Lula, não precisaria recorrer aos métodos e percursos burlescos descritos nas denúncias dos ex-funcionários de Antonio Palloci em Ribeirão Preto (respectivamente, Rogério Buratti e Vladimir Poleto). O dinheiro chegaria, sem complicações nem peripécias, limpinho, limpinho aos destinatários".

Em primeiro lugar, quem garante a Clóvis Rossi que outras possíveis remessas, não apenas de três milhões, ou de hum milhão e quatrocentos, mas de cinco ou dez milhões de dólares não chegaram - "sem complicações nem peripécias" - aos cofres do PT para a campanha presidencial que elegeu Lula? (Ou Rossi acha que um dirigente do "partido hegemônico", diante do fato, estaria disposto a telefonar para ele, Rossi, e dizer: "Olha, companheiro, a grana de Fidel chegou aqui limpinha, não precisa se preocupar"). Nessa linha de raciocínio, a simples vitória do ex-operário, num pleito em que o dinheiro falou grosso amparado no Valerioduto, já é, em si, uma sólida evidência. Ademais, como está consagrado nos anais da história, não é a primeira vez (e nem será a última) que Fidel Castro, tirano de vocação imperialista, remete dinheiro sujo em profusão saqueado do povo cubano (e, no caso em pauta, quem sabe mesclado com comissões sobre vendas das superfaturadas "vacinas" da ilha-cárcere compradas pelas prefeituras do PT?), tendo como objetivo básico estender o "reino do socialismo" no solo brasileiro. Para recordar, cito (por enquanto) dois casos ocorridos em tempos mais duros:

1º) O caso de Leonel de Moura Brizola, o "engenheiro do caos", que recebeu "limpinhos, limpinhos" do ditador cubano a quantia de US$ 1,2 milhão para encetar a luta armada nos cafundós do Brasil, dinheiro contrabandeado na fronteira do Uruguai pelo pombo-correio Betinho, "o defensor do povo", conforme registra o brizolista Neiva Moreira no livro "Martelo da Madrugada", fato posteriormente detalhado no soberbo "A Revolução Impossível" (Editora Best Seller, 1994), de Luís Mir, e assinalado em "O Apoio de Cuba à Luta Armada no Brasil" (Mauad, 2001), de Denise Rollemberg.

2º) O caso das Ligas Camponesas, de Francisco Julião e Clodomir Moraes, que recebeu, em 1962, não apenas considerável soma de dólares, mas orientação (cursos) e armas provenientes de Cuba, a mando de Fidel, para organizar a "insurreição guerrilheira" que, segundo o próprio Julião, "contava com 100 mil camponeses armados" (a propósito: além das fontes citadas, um comunista da Paraíba, Fernando Macedo, tido como trêfego, mas que viajou à Cuba para os festejos de 1º maio daquele ano, falava abertamente numa remessa do "Comandante" no valor de US$ 1 milhão, sem contar com o envio de armas enterradas nos tabuleiros de Piedade, em Pernambuco).

Com o dinheiro de Cuba, segundo as mesmas fontes, Clodomir Moraes, ex-deputado estadual (PTB-PE) e dirigente das Ligas, deu início à formação de guerrilheiros em fazendas compradas nos desvãos de Goiás, Acre, Bahia e Pernambuco. O objetivo de Fidel, ontem (na marra) como hoje (no corrupto apoio eleitoral), era (e é) "exportar a revolução" e "instaurar o socialismo no maior país do continente latino-americano" - objetivo para o qual, de fato, nunca faltou dinheiro.

Um outro argumento inconsistente levantado pelos jornalistas simpáticos à ditadura de Fidel, diz respeito à propalada competência dos serviços de espionagem de Cuba (DGI, Departamento América e congêneres), que não permitiriam o envio de dólares em caixa de bebida. Nada mais falso. Vejamos, por exemplo, o caso da desastrosa aventura de Che Guevara no Congo de Moise Tshombe, em 1965. Depois de meses de preparo e de detalhadas operações da DGI no país africano, o mitológico comandante, com mais de 200 guerrilheiros cubanos escolhidos a dedo, enfrentou e levou uma tremenda surra dos mercenários do coronel Mike Hoare, que, em número inferior, pôs Guevara a correr, desarvorado. A desmoralização foi tanta que o Che, depois da fuga, irritado com a derrota, vendo um seu guerrilheiro em conversa íntima com uma africana, ordenou que o comandado ficasse de joelhos e, em seguida, deu-lhe malvadamente um tiro bem no meio da testa.

Nas selvas da Bolívia, depois de anos de minucioso levantamento da mesma DGI, Guevara, seguindo "plano bem traçado", cometeu erros primários e, por ineficiência dos serviços da inteligência de Cuba, terminou praticamente só, diluindo-se em caganeira braba, amparado pelos corajosos irmãos bolivianos Inti e Coco Peredo, até cair nas mãos de Gary Prado, um militar boliviano considerado de terceira categoria.

De fato, pode-se afirmar que o aparato de espionagem de Castro só funciona bem para oprimir o miserável povo cubano, há 46 anos prisioneiro de um regime virulento, vivendo na intolerável escravidão - o que explica o ato de se travestir um espião grosseiro em "diplomata jeitoso" (Sérgio Cervantes, o homem das "missões especiais") para repassar ao PT, acondicionada em caixas de bebida, a grana de Fidel - de resto, sejamos justos, uma prática de rotina no universo da diplomacia comunista.

Sem dúvida, o que parece mais eficiente do que a DGI cubana é a cínica retórica do "não" levada adiante pelo governo Lula (e aliados), ao negar a remessa dos recursos originários do exterior, que jamais seriam enviados para a campanha eleitoral do PT de forma "carimbada", ou terceirizada pelas mãos de doleiros em paraísos fiscais, de muito maior risco. Se Fidel Castro, o vampiro do Caribe, resolveu valer-se dos serviços "diplomáticos" do espião Cervantes, sabia muito bem o que estava fazendo.

Ponto para Fidel.


Nota do Editor: Ipojuca Pontes é cineasta, jornalista, escritor e ex-Secretário Nacional da Cultura.

PUBLICIDADE
ÚLTIMAS PUBLICAÇÕES SOBRE "OPINIÃO"Índice das publicações sobre "OPINIÃO"
31/12/2022 - 07h25 Pacificação nacional, o objetivo maior
30/12/2022 - 05h39 A destruição das nações
29/12/2022 - 06h35 A salvação pela mão grande do Estado?
28/12/2022 - 06h41 A guinada na privatização do Porto de Santos
27/12/2022 - 07h38 Tecnologia e o sequestro do livre arbítrio humano
26/12/2022 - 07h46 Tudo passa, mas a Nação continua, sempre...
· FALE CONOSCO · ANUNCIE AQUI · TERMOS DE USO ·
Copyright © 1998-2025, UbaWeb. Direitos Reservados.