Dr. Artur Timerman, infectologista do Hospital Prof. Edmundo Vasconcelos orienta sobre sintomas e cuidados preventivos contra a doença que está preocupando as autoridades em todo o mundo.
Os casos de gripe aviária estão aumentando na Ásia e já atingem alguns países da Europa, como a Grécia, a Romênia, a Turquia e a Suécia. A Organização mundial de Saúde (OMS) advertiu na segunda-feira 7/11 que é apenas "uma questão de tempo" até que o vírus H5N1, causador da gripe do frango, se torne capaz de ser transmitido entre humanos e provoque assim uma epidemia global. O alerta foi feito em uma conferência da OMS em Genebra, onde um plano global para lidar com uma possível pandemia da doença está sendo discutido. Segundo a OMS, a epidemia nas granjas asiáticas está longe de ter sido controlada, o que multiplica a possibilidade de o vírus das aves trocar genes com os vírus humanos, dando origem a uma cepa nova e altamente contagiosa. E até agora, nenhuma nação está preparada para uma epidemia da temida doença, que é altamente letal. "A gripe aviária pode se tornar o bug do milênio: pode ser que nunca aconteça, mas estamos trabalhando preventivamente", disse recentemente o Ministro da Saúde a jornalistas em Brasília. O vírus H5N1 já infectou cerca de 120 pessoas no Sudeste Asiático e matou mais de 60 delas, desde dezembro de 2003. Para esclarecer um pouco mais a questão, entrevistamos o Dr. Artur Timerman, infectologista do Hospital Professor Edmundo Vasconcelos: 1. Quais são os sintomas da gripe aviária? São poucos os casos relatados em seres humanos (112), para se ter uma descrição mais precisa. O importante é salientar que os sintomas de tosse, falta de ar e dor no peito são mais intensos, ao lado de febre mais elevada e sintomas gerais mais intensos. 2. Como pode ser transmitida para o ser humano? Por contato direto com a ave infectada, ou superfícies e objetos contaminados por seus excrementos. Até agora a quase totalidade dos casos relatados correlacionaram-se à transmissão do animal infectado ao ser humano; há apenas um relato de transmissão de uma pessoa a outra. 3. Existe risco de transmissão da doença por meio da carne do frango ou de seus derivados? Em regiões livres da doença, não há risco de consumo da carne bem cozida. O vírus H5N1 é sensível ao calor e morre a uma temperatura de 70º. Em locais onde a doença já apareceu é preciso tomar mais cuidado, evitando-se o uso de ovos crus, por exemplo. 4. Existem vacinas contra ela? Ainda não. Primeiro, é preciso que surja o vírus humano para que depois os cientistas o estudem e desenvolvam alguma medicação. Vários países estão pesquisando o produto e se espera que ele esteja largamente disponível alguns meses após o início da pandemia. 5. Existe o risco de uma pandemia da doença? Sim, um risco expressivo. É o que se espera e se teme. Pode demorar uma semana, um mês ou um ano, mas todos os virologistas acreditam que a pandemia deverá ocorrer. Cada novo caso da gripe aviária em ser humano dá ao vírus a oportunidade de melhorar sua capacidade de transmissão e, conseqüentemente de gerar uma pandemia da doença. 6. Quais são os remédios disponíveis no Brasil para tratamento da gripe aviária? Somente o oseltamivir (Tamiflu). O governo encomendou sete milhões de doses desse medicamento e, no caso de uma epidemia, a droga seria ministrada nos pacientes hospitalizados que estiverem infectados. 7. Como se pode preveni-la e quais são as outras alternativas de tratamento? Por enquanto, não existe tratamento, mas pode-se prevenir abatendo animais doentes, evitando aglomerações, tentando preservar boas condições de saúde geral. 8. O que as autoridades estão fazendo no Brasil para prevenir a doença? Há um início recente de tentativas de medidas de prevenção. A vigilância epidemiológica está sendo reforçada e o governo também pretende aumentar o controle sobre as granjas, realizando checagens em aves migratórias que, segundo especialistas, espalham o vírus causador da doença.
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