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Opinião
12/11/2005 - 08h36
O bode, os precários e os estagiários
Vitor Ribeiro
 

Uma conhecida piada ensina: "se as coisas vão mal, coloque um bode fedorento em casa; ao tirar o bode haverá uma falsa impressão de que algo melhorou". A piada aplicada à grave precarização da profissão de jornalista no Brasil pode vir a cair como uma luva, mas não tem graça nenhuma.

O Brasil parece ser imbatível em sua forte candidatura ao Guiness Book, como o país com maior número de faculdades de Jornalismo. Não é para menos, afinal o número já beira a casa de 400. Uma irresponsabilidade promovida na última década, que só beneficiou os proprietários de faculdades particulares, apesar dos protestos das entidades de defesa de classe dos jornalistas brasileiros.

No último dia 26 de outubro, o Tribunal Regional Federal da 3º Região retirou o bode fedorendo colocado na profissão de jornalista. Com a retirada do bicho, foram cancelados cerca de 13 mil registros de jornalista precário, em todo o País. Mas o alívio provocado pela saída do bode pode se transformar apenas em uma falsa impressão de que algo melhorou.

A exótica decisão judicial que instituiu os jornalistas precários no Brasil, na prática impediu qualquer combate ao exercício ilegal da profissão. Os Sindicatos de Jornalistas foram imobilizados pela decisão da juíza Carla Rister. Afinal, qualquer pessoa poderia solicitar um registro de jornalista precário e fugir do exercício ilegal da profissão.

Muitos estudantes de Jornalismo também optaram por obter um registro precário, na esperança de ingressar mais cedo no mercado de trabalho. Dos cerca de 13 mil registros precários, alguns milhares devem estar em nome de estudantes das quase 400 faculdades espalhadas pelo País.

O que fazer?

Com o fim dos precários, ressurgiu das cinzas o exercício ilegal da profissão e os Sindicatos foram libertados das algemas que cercearam a sua atuação. Prometem uma caça implacável aos precários, que se inteligentes forem, já devem ter corrido das poucas redações que os acolheram, caso contrário responderão por exercício ilegal da profissão.

As redações brasileiras não estão tomadas por precários e muito menos por jornalistas. Mas, sim, por estagiários que reinam absolutos, exercendo funções de profissionais formados por salários reduzidíssimos. Alguns veículos chegam ao cúmulo de ter quase toda a sua redação formada por estagiários. Se até agora os Sindicatos nada podiam fazer, a história mudou. Com o fim dos precários foi restituído o exercício ilegal da profissão. Os Sindicatos agora podem agir e muito.

Até mesmo as Câmaras Municipais do país estão repletas de estagiários tocando as suas TVs Câmaras, rádios e até assessorias de imprensa, onde a cada dia se encontram menos jornalistas.

A legislação vigente no Brasil libertou os Sindicatos de suas amarras, na luta contra o exercício ilegal e a precarização da profissão. Mas caso o estágio em jornalismo prossiga como nos tempos do jornalista precário, a profissão continuará a caminhar a passos largos para o abismo da precarização. Um cenário que dificilmente terá vencedores e a profissão não passará de um bode gordo e fedorento.


Nota do Editor: Vitor Ribeiro é editor executivo do "O Jornalista".

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