Tanto nas fazendas como na vida, eles são sempre em menor número. Muitas vezes um só homem. Um homem só. Mas subjugam e dominam muitos, multidões. Sob o jugo da chibata, sob o jugo do medo. É de se perguntar: mas por que uns poucos subjugam tantos? Por covardia dos que se deixam dobrar? Acomodação? Por fraqueza? Por Medo? Eles são os capatazes. Homens duros, feitos de pedra. Gestos vigorosos, rudes até. Homens que estão a serviço dos senhores, dos patrões. Seja nas fazendas, nas fábricas e empresas, e até mesmo no Parlamento. Sim, no Parlamento. Os nossos "tribunos" (e também alguns jornalistas) agem como capatazes. Não somente por estarem a serviço dos "donos do Brasil", mas por fazerem de fato o papel de capatazes, falarem como capatazes. Por bramirem na tribuna sua retórica tresloucada, bestial, desrespeitosa e, por vezes, chula, grosseira. Como se as suas palavras, o seu tom de voz, e todo o seu gestual, substituíssem simbolicamente a velha e puída chibata de tempos idos. Tempos idos? Da tribuna do Senado (do Senado!) as "Vossas Excelências" (excelências em quê?) discursam (ou seria melhor dizer "confessam"), dentre outras estultices, que vão finalmente se ver livres dessa "raça". Essa raça aí são as esquerdas ou mais especificamente os políticos e militantes do PT. Como se sabe, a resposta dos políticos do PT, presentes naquela Casa, foi pífia - ou talvez fosse melhor dizer vergonhosa, constrangedora, ou ainda melhor, covarde. Um outro "tribuno", líder de um partido que ficou 8 anos no poder, ameaça, por mais incrível e "incivilizado" que isso possa soar aos nossos ouvidos, dar uma surra no presidente da República. Esse "capataz", digo, esse tribuno foi logo acompanhado, em sua virulenta sandice, por uma outra senadora (que se diz, inclusive, de esquerda) e um outro deputado - esse último bem acostumado ao mandonismo na Bahia de alguns poucos coronéis. Bahia de tantos escândalos e crimes calados e não apurados. Bahia cuja lei ainda é, ao que parece, a chibata dos coronéis (e dos seus filhos e netos). Uma outra parlamentar, estereotipada e truculenta como um feitor, chamou recentemente o presidente de "bandidão". Um "para-jornalista" daquela revista, aquele mesma que vende mais de 1 milhão de exemplares e que tanto faz a cabeça de uma certa classe média alienada e despolitizada, chama o presidente de ... nem se deve reproduzir aqui, ou se levar muito a sério, o que foi dito por esse "para-jornalista" que atua como uma espécie de caricatura do Paulo Francis - sem o repertório e bagagem deste, claro. Isso sem falar, é claro, na verdadeira execração pública de que estão sendo vítimas alguns familiares do presidente da República. Nunca se viu em toda a nossa breve/brava história republicana tamanho desrespeito para com um primeiro mandatário da Nação. Nunca se viu tamanha baixaria, autoritarismo e despreparo registrado nos anais do Parlamento, na voz daqueles que seriam os "legítimos representantes do povo". Pobre povo. Não seria o caso de processar esses "senhores" por quebra de decoro parlamentar? Onde estão os políticos do PT que não pedem abertura imediata de processo por quebra de decoro? Estão acuados. Acovardaram-se. Mas, afinal, difícil é entender por que esses capatazes ainda continuam como os senhores da situação, brandindo a sua chibata. Ainda continuam, seja no parlamento seja nas empresas, na vida enfim, a nos subjugar. Já que somos tantos e eles tão poucos. Somos tantos e eles tão poucos.
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