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Opinião
15/11/2005 - 06h00
As desigualdades que assolam o Brasil
José Rafael Martins Ribeiro
 

Andei pensando e cheguei a uma conclusão: devia-se fazer um referendo com a seguinte pergunta: O governo deve acabar com a miséria e com a má distribuição de renda? Sim ou Não? Essa pergunta estaria alicerçada no artigo 5º da Constituição que prevê, além do direito à vida, direito à saúde, educação, trabalho e que todos são iguais sem distinção de raça, credo, cor etc. Logo se percebe que o buraco é bem mais em baixo.

A redução da pobreza e de todos os outros problemas que arrasta consigo só terminará quando a má distribuição de renda do país, que dentre 96 países só perde para Namíbia, Lesoto e Serra Leoa da África, acabar.

A má distribuição de renda é só o estopim que leva à desigualdade social, exclusão social, marginalidade e tantos outros problemas que assolam nosso país.

O problema não é de agora, vem desde o período colonial, em que uma minoria, latifundiários, coronéis e membros da família real detinham todo poder econômico.

Em 1999 os 40% mais pobres da população ganhavam o equivalente a 8% da renda nacional, e os 20% mais ricos ganhavam 64% da renda nacional. A situação atual é a seguinte: os 10% mais ricos do país ficam com 47% da renda nacional e os 10% mais pobres se sustentam com apenas 0,5%. Para dar outro exemplo, de acordo com o diretor do IBGE, Eduardo Pereira Nunes, no Nordeste, os 50% mais pobres ficam com 16% da renda regional, enquanto o 1% mais rico fica com quase o mesmo valor, 15% da renda. É alarmante essa situação. O pior ainda é a desigualdade regional, uma das maiores contradições do país, pois vemos as regiões Sul e Sudeste que concentram a maior parte da renda nacional, não restando quase nada para a região Nordeste.

Aqueles que querem fugir da responsabilidade culpam a famosa Globalização por essa situação, mas a globalização gera apenas um processo de competição, não necessariamente a um aumento das desigualdades.

Taiwan, Cingapura e Coréia do Sul, nos anos 50, tinham renda semelhante a da Nigéria. Hoje, são campeões da economia global porque seguiram políticas deliberadamente dirigidas para a distribuição de renda e desconcentração de renda.

Segundo Nunes, a concentração de renda está estagnada, mas não há política nem força conjunta para desconcentrar a renda da mão de uma minoria.

O exemplo deveria partir dos políticos, deputados e senadores que chegam a ganhar até 30 mil reais por mês, sem contar com auxilio moradia, alimentação, etc., e também aqueles apresentadores de programas bizarros, como ratinho, entre outros, que chegam a ganhar 1 milhão ou mais por mês. É de revoltar um poste.

De acordo com Nunes, se cada pessoa da classe média doasse 10 reais por mês, acabaria com os miseráveis do país, que quando muito ganham um sexto de salário mínimo, ou seja, 50 reais para sustentar uma família de no mínimo quatro pessoas.

Mas de acordo com um relatório emitido pelo PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) o Brasil está caminhando a passos lentos para acabar com a miséria, principal efeito da má distribuição de renda. O prazo fixado pela Cúpula do Milênio das Nações Unidas é de que a pobreza esteja reduzida pela metade até 2020. Os pobres e indigentes tem uma redução média de 2% ao ano.

Segundo o mesmo relatório, se o Brasil tivesse uma política de distribuição de renda semelhante a do Uruguai, a proporção de pobres e miseráveis cairia 20%.

Algumas propagandas brasileiras dizem que o melhor do Brasil é o brasileiro, mas esquecem de dizer que o pior do brasileiro é a falta de humanidade e compaixão com o próximo.

A partir do momento que as pessoas tomarem consciência da gravidade do problema, e principalmente aquela minoria que detém grande parte do poder econômico do país, e resolver desatar as mãos para mudar esse quadro, pois são apenas eles que podem reverter essa situação, talvez o Brasil comece a tomar rumos diferentes.

Pode ser utópico, mas prefiro sonhar, pois é de sonhos que vive o homem.


Nota do Editor: José Rafael Martins Ribeiro é estudante de Jornalismo.

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