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Medicina e Saúde
16/11/2005 - 15h01
Cocaína: abuso pode prejudicar tomada de decisões
Agência USP de Notícias
 

Além de influenciar na tomada de decisões, o uso abusivo de cocaína compromete diversas outras funções cognitivas, de atenção e de memória. A pesquisa também reforçou a tese de que alguns distúrbios na infância estejam associadas ao vício

O uso abusivo da cocaína, além de prejudicar funções da atenção e memória dos dependentes, também compromete a capacidade destas pessoas de tomar decisões. Isso pode fazer com que os usuários optem por escolhas precipitadas, envolvendo-se em situações de risco. "É como se eles negligenciassem as conseqüências futuras de seus atos", explica o neuropsicólogo Paulo Cunha.

Em seu estudo de doutorado realizado na Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), Cunha contou com a participação de 62 voluntários que foram divididos em dois grupos de homens: 30 dependentes em abstinência de pelo menos duas semanas e outros 32 (grupo de controle) sem histórico de alterações psiquiátricas e neuropsicomotoras.

Um dos testes aplicados no estudo simulou, na forma de um jogo, situações da vida real e os possíveis danos causados por estas escolhas. A ferramenta foi originalmente desenvolvida na Universidade de Iowa (Gambling Task) pela equipe do neurologista Antônio Damásio e o neuropsicólogo Antoine Bechara. Já para a mensuração dos distúrbios em diversas funções cognitivas, dependentes químicos de cocaína foram submetidos, pela primeira vez no mundo, a um teste neuropsicológico chamado Bateria de Avaliação Frontal, desenvolvido por neurologistas franceses do Hospital de Salpêtrière, em Paris.

Além disso, a pesquisa reforçou a hipótese de que pessoas que tiveram distúrbios de atenção e hiperatividade na infância (TDAH) possuem uma maior propensão a se tornarem dependentes químicos de cocaína. "É como se elas encontrassem nesta droga uma forma de ficarem mais atentas, mais alertas." Segundo Cunha, é a primeira vez que uma pesquisa deste tipo, com dados relativos a esta faixa etária, é realizada no Brasil.

Junto a isso, os voluntários foram submetidos a exames de tomografia computadorizada, que acabaram por confirmar alguma relação entre os déficits cognitivos e alterações no córtex pré-frontal do cérebro. Para chegar a estas conclusões, foram aplicados, além dos testes, alguns questionários.

Como a cocaína tem propriedades vasoconstritoras (de contrair os vasos), ela altera o padrão de circulação sangüínea. Quando isso ocorre, aumentam a pressão arterial e o risco de ocorrerem complicações do sistema circulatório, como Acidentes Vasculares Cerebrais (AVC) ou micro-infartos no cérebro. "A hipótese científica mais aceita hoje em dia é que estas alterações podem ser grandes contribuintes destes distúrbios neuropsicológicos", afirma.

Neurônios

O déficit neuropsicológico pode ajudar a explicar o envolvimento dos dependentes em atividades ilícitas ou arriscadas, como fazer sexo sem proteção, dirigir embriagado, cometer pequenos furtos e se envolver em brigas. Além disso, diversas outras funções, que também foram estudadas, estão associadas ao córtex pré-frontal. Problemas de atenção, memórias visual, verbal e operacional (relacionada, por exemplo, ao cálculo do troco a ser recebido), no aprendizado e em questões que envolvam associação entre visão e coordenação motora foram os principais aspectos analisados.

Cunha conta que a cocaína age no circuito da recompensa cerebral, que é acionado sempre que alguma atividade nos proporciona prazer, desde o simples ato de comer um prato apreciado até a prática de sexo. "Na medida que você usa a droga, é como se ’gastasse’ este circuito de uma forma muito acelerada. E os danos podem acontecer, pois ele é ativado de uma forma artificial, que o cérebro não está preparado." Com o tempo, as funções cerebrais que dependem destas áreas para funcionarem podem ficar prejudicadas.

A pesquisa, que foi realizada no Grupo Interdisciplinar de Estudos de Álcool e Drogas (Grea) do Instituto de Psiquiatria (IPq) do Hospital das Clínicas (HC) da FMUSP, teve a orientação de Arthur Guerra de Andrade, co-orientação de Sergio Nicastri, ambos psiquiatras, além da participação de voluntários do Grea e da Comunidade Terapêutica Associação Promocional Oração e Trabalho (APOT), de Campinas.

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