O jornalista veterano Fernando Alves está eufórico. A filha única que tem o nome de Pérola prestará vestibular para jornalismo. Isto é que é amor a profissão! Fernando e eu moramos no interior da Bahia, em um município de 75.000 habitantes, mas de grande importância no contexto cultural e político da Bahia, e até temos por prefeito atual um ex-governador. Dividimos o mesmo espaço na mídia, e deixamos de ser concorrentes para sermos parceiros. Ele se dedica à imprensa falada, eu à escrita e colaboro voluntariamente com o site Farol da Cidade, de responsabilidade dele.

Ser jornalista no interior é ter que disputar um espaço limitado com mais de uma dúzia de outros, que estão no mesmo mercado escasso de recursos. Não é coisa para qualquer um! Além do amor pelo jornalismo tem que haver amor pela região, mesmo que seca. Eu e Fernando, graças a Deus, temos algo em comum, não temos medo de contraventores da lei, e sempre estamos a "expulsar" algum, com denúncias pelo "ar", ou pelo papel, aqueles que venham se instalar em nossas cercanias com intenções de lesar algum cidadão, e aqui não faltam vítimas, os sertanejos que se tornam presas fáceis pela falta de malícia. São pessoas ainda puras.

Talvez por isso a polícia da região seja tão cobrada por nós e tenha tido êxitos. E em caso recente a Polícia Federal que teve as nossas boas-vindas, desbaratou o que qualificou como uma das maiores quadrilhas de assalto a bancos, prendendo doze bandidos, e em posse deles um arsenal que a imaginação dos leitores pode ser pouca para avaliar. Dúzias de armamentos pesados, de quebra revólveres e pistolas, todos contrabandeados via Paraguai, segundo um dos presos. Eu e Fernando já "brigamos" com um traficante (felizmente já morto) chamado Gambá, e certa ocasião, olhando nos olhos do marginal, após ele ter saído da delegacia onde fora depor por ter tentado agredir Fernando, eu o disse: - Gambá, meu saco é mais velho, porém tem dois ovos iguais aos teus!

Historicamente somente Guanambi e Palmas de Monte Alto, duas cidades deste nosso Sertão que tem as suas dificuldades, mas tem seus pioneirismos, fizeram entregas de armas apreendidas no fórum, com reversão de indenização para entidades sociais. Nenhuma outra comarca em todo o Brasil o fez! Tudo em razão de entabulamento meu que juntou a Polícia Federal, a Comarca de Palmas de Monte Alto e a Comarca de Guanambi, logrando para o Clube das Mães, da primeira, receber R$ 9.000,00 e na segunda o Conselho Comunitário de Segurança Pública receber R$ 25.000,00. Algumas outras comarcas por mim foram instruídas a ter o mesmo benefício, e não aproveitaram!

Então são mais cadeiras de rodas, enxovais de recém-nascidos para mães pobres montealtense. Guanambi ganha duas motos para serviços dos oficiais de justiça, e um veículo seminovo para o Voluntariado de Menores, além de informatização do Conselho de Segurança... Do entabulamento que pude promover, entre judiciário e PF, resultou numa cordial aproximação da juíza de Guanambi com a delegada federal, o que possibilitou a rápida ação policial contra a quadrilha, já que a PF depende de mandatos expedidos pela Justiça. Nos dois municípios a campanha do desarmamento, que esperamos que volte, levou 342 armas que só serviam de risco para a Justiça, como alvo fácil para bandidos, pois é pública a falta de segurança dos fóruns.

E o que o jornalista ganha em ativar ações sociais? Em ajudar no combate ao crime? Ganha a esperança que Pérola, a futura jornalista, e Samantha e Sammhyra, minhas filhas, herdem uma cidade mais tranqüila para se viver, onde a madrugada ainda não assusta. E no momento me gratificou o ofício recebido da Polícia Federal, assinado pela delegada Lúcia Castralli, em nome da corporação, agradecendo o meu apoio pessoal e a nossa imprensa, por estimular a boa ação policial. Em Guanambi existem jornalistas, para o bem da comunidade!

Nota do Editor: Seu Pedro é o jornalista Pedro Diedrichs, 57, editor do jornal Vanguarda, de Guanambi, Bahia.