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Opinião
19/11/2005 - 11h59
Roda Viva de Lula
Ipojuca Pontes - MSM
 

Há na língua portuguesa uma palavra grosseira, mas que define com perfeição qualquer tipo de ato, conduta, condição ou pessoa reles - uma palavra, em suma, barra-pesada, que só a pronuncia quem está a fim de briga ou em artigo de morte. Esta palavra é: escroto. O Aurélio a registra, no capítulo das ciências biológicas (anatomia), para indicar a "bolsa que contém testículos e seus órgãos acessórios", mas o brasileiro da esquina a ela recorre quase sempre como palavrão letal, especialmente quando, numa situação limite, se vê acossado pela empulhação ou pelo logro.

Pois bem: escroto é a palavra mais que adequada, no meu entendimento, para classificar o modo como se desenvolve o programa de entrevistas "Roda Viva", levado ao ar pela TV Cultura às segundas-feiras. Trata-se de programa produzido por uma emissora pública de televisão, sustentada com o dinheiro do contribuinte (e o patrocínio de empresas privadas) mas que é, estranhamente, monopolizado há anos pelo mais renitente proselitismo esquerdista, em geral voltado para o exercício da desinformação, a cultivar os dogmas e cacoetes que formam o "senso comum" das ideologias coletivistas, ainda que, por vezes, camuflados pela máscara da isenção.

A confirmação da tendenciosidade ideológica do programa começa pela envergadura do seu apresentador, Paulo Markun, de notório pendor socialista; em seguida, se estende pela seleção da coloração política dos entrevistados; e, por fim, reflete-se na orquestração das perguntas formuladas pelos entrevistadores, salvo exceção, comprometidos pelos mesmos ideais e objetivos que tem sido, de modo atuante, o de estabelecer a hegemonia do ponto de vista esquerdista como preponderante ao exame das questões nacionais postas em pauta no aludido programa.

Pode-se dizer, a bem da verdade, que o exercício do pensamento único articulado com os rigores da alienação, não é, de modo algum, exclusividade do Roda Viva. De fato, a maioria dos programas de entrevistas veiculados na TV brasileira são claramente conduzidos pelo vezo esquerdizante de enxergar a realidade, como é o caso, por exemplo, dos telejornais da Globo News, incluindo-se aí os comandados por William Waak, o autor ao que tudo indica arrependido de "Camaradas".

Mas ao contrário da Globo News, que é emissora pertencente à empresa privada, da família Marinho, portanto, de programação consentida e autorizada pelos seus proprietários, o tendencioso programa Roda Viva não é gerado e produzido por televisão privada mas, sim, por uma fundação (Padre Anchieta) que sobrevive de recursos o mais das vezes originários dos cofres públicos, o que, em tese, a impossibilitaria de ser um agente do pensamento único num país que se diz democrático, e que é também representado pelo pensamento conservador - pensamento conservador que, de resto, nunca ganha espaço, ainda que desproporcional, no aludido programa.

Do ponto de vista formal, Roda Viva é repelente a começar pela disposição cenográfica, a lembrar muito de perto uma arena de gladiadores da Roma Antiga, onde escravos núbios deleitavam multidões em lutas fratricidas; ou de feição similar aos tribunais da Santa Inquisição, erguidos para julgamentos sumários de "hereges" e judeus. Naturalmente, com freqüência, quando se trata de entrevistar "companheiros de viagem", como se tornou patente, por exemplo, na entrevista de Luiz Inácio Lula da Silva (o mandatário que conseguiu em tempo recorde apodrecer todo o tecido político, administrativo e institucional da nação), o tratamento dispensado fica bem mais em conta: o tom da charla é cozinhado em banho-maria, entremeado de nuanças e rapapés, para não falar no simples e direto puxa-saquismo (ainda que um ou outro entrevistador, para coonestar o jogo, arrisque aqui e ali uma postura mais atrevida).

Na entrevista de Lula (um tipo que chama advogado de "adévogado"), o que era para ser um oportuno e franco diálogo, a exigir perguntas e respostas convincentes em torno da maior crise republicana em andamento, redundou na solerte atuação de uma autêntica tropa de choque, a resguardar o principal responsável pela mais espantosa soma de crimes públicos já posta em prática no País e que ora reduz o brasileiro à perplexidade e à humilhação. No caso, por exemplo, da abordagem do empréstimo privilegiado do filho de Lula - acintoso beneficiário do poder paternal -, o que se estava a exigir, pelo menos, seria a pergunta direta: "Vem cá, Lula, responde com o mínimo de decência: você acha que se Lulinha fosse filho do Zé das Couves receberia da Telemar, uma empresa com 25% de capital público, financiamento de cinco milhões de reais?".

A coisa foi tão imoral, mesmo para um programa que só dá asa a tipos como Hugo Chávez, Zé Dirceu e esquerdistas congêneres, que o trêfego presidente sentiu-se completamente desinibido para mentir à vontade, sem percalços mais profundos, e dele fez um privilegiado palanque eleitoral, a detonar promessas e anúncios de obras faraônicas, entre elas, já para o início do ano, a "estratégica" transposição das águas do São Francisco, no valor de 4,6 bilhões de reais - uma verdadeira sangria no bolso da população indefesa (e festa para os políticos negocistas e empreiteiros).

No ano de 1980, quando andei escrevendo artigos para Manchete, estranhei que a revista, de propriedade de um "judeu capitalista", o saudoso Adolfo Bloch, fosse ocupada (desproporcionalmente) por atuantes esquerdistas. Um dos seus diretores, Zevi Ghivelder, meu parceiro na confecção de roteiros cinematográficos, diante do espanto, me respondeu o seguinte: "Ipojuca, não se faz imprensa no Brasil sem gente de esquerda".

Duvido, hoje, da afirmação do Zevi. Escrevo em dezenas de sites e jornais, sem que haja, neles, a presença editorial massiva das esquerdas. E devo garantir que em nenhum deles os colaboradores perdem em conhecimento e qualidade para jornalistas do nível de Paulo Markun, um profissional a serviço da implantação do pensamento único no Brasil.


Nota do Editor: Ipojuca Pontes é cineasta, jornalista, escritor e ex-Secretário Nacional da Cultura.

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