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Crônicas
19/11/2005 - 13h36
Bravo Bernardo
Moacyr Scliar - Agência Carta Maior
 

Quinta-feira passada estive em Pelotas para uma palestra no Colégio Gonzaga e para autógrafos na Feira do Livro. O ambiente lá era animado, como era de se esperar em eventos desse tipo, mas encontrei muitas pessoas preocupadas: o prefeito Bernardo de Souza, figura conhecidíssima e estimadíssima na cidade, havia acabado de se licenciar, notícia que teve imediata repercussão em todo o Estado. No sábado, apareceu no Zero Hora uma entrevista de Bernardo. É um texto que deve ser lido, porque representa, antes de tudo, um ato de corajosa lucidez.

Bernardo admite o diagnóstico que o levou a pedir licença do cargo: depressão neuroquímica. O que não é fácil. Numa sociedade competitiva como a nossa, a palavra depressão tem conotações negativas. O grande escritor norte-americano William Styron, que teve uma crise depressiva e a descreveu magnificamente no livro Visível Escuridão, comenta que, além do sofrimento causado pela doença, ele ainda tinha de enfrentar a impaciência de amigos e conhecidos, exigindo que ele desse um jeito e "saísse daquilo". O que em absoluto depende da vontade. Como a matéria explica, a depressão, qualquer que seja a sua origem, implica uma perturbação da química cerebral, perturbação esta que passa a comandar o processo de forma praticamente autônoma. Foi a descoberta deste mecanismo, aliás, que permitiu o surgimento de drogas muito eficientes, capazes de recuperar a pessoa em pouco tempo. Associadas à psicoterapia (porque, afinal, não somos só um tubo de ensaio, somos seres humanos com idéias, sentimentos e emoções), o tratamento alcança êxitos inimagináveis no passado.

Na entrevista, Bernardo conta que partilhou o problema com a família e com os companheiros de partido. Ou seja, fez o que um homem público tem de fazer, mas sem abrir mão, como ele próprio o salienta, de sua privacidade, coisa a que qualquer pessoa, não importando a posição que ocupe, tem direito.

O prefeito Bernardo de Souza admite os problemas causados pela situação. Mas este custo político, administrativo e pessoal tem também seus benefícios. Certamente ele sairá engrandecido desta crise. E terá transmitido a todos, pelotenses, gaúchos, brasileiros, uma comovente lição de humanidade.

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