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Opinião
20/11/2005 - 10h30
Conversa de bêbado?
Percival Puggina - MSM
 

Dois uísques disputam entre si o privilégio de serem os mais caros do mundo. São eles os Glenfiddich com mais de 50 anos e o Macallan 1946. Recentemente, seis garrafas do primeiro, datadas de 1937, foram vendidas a sete mil dólares cada unidade para o free shop do aeroporto de Hong Kong, onde a cotação do segundo fica na casa dos dois mil dólares. Trata-se, já se vê, de exotismos reservados ao consumo de alguns bilionários da revista Fortune. Pois mesmo assim eu duvido de que o prazer da posse, exibição e degustação de uma dessas relíquias fosse suficiente para fazer com que alguns Midas da modernidade se dispusesse a uma viagem internacional apenas para adquiri-las e transportá-las.

Mas isso é conduta de bilionários. Aqui no Brasil, a história do dinheiro de Cuba para a campanha petista de 2002 mostra que um pé de chinelo qualquer consegue avião particular para sair de São Paulo, ir a Brasília, seguir para Campinas e dali para São Paulo apenas com o objetivo de conduzir três caixas de um uisquezinho comum que, adquiridas em Rivera, saem por bem menos de mil dólares. Só o combustível bebido pela aeronave custa muito mais do que as 36 garrafas nele carregadas com zelos que se aproximam dos exigidos para o transporte de valores.

Quando o free shop do aeroporto de Hong Kong adquiriu as tais seis garrafas de Glenfiddich, a notícia da compra ganhou merecido destaque na imprensa mundial. Afinal, não é todo dia que alguém paga tanto por um produto das "terras altas" da Escócia. Pois agora, na terra da baixaria, podemos produzir manchetes sobre o transporte milionário de três miseráveis caixas de Johnnie Black, ou Red, ou Havana Club, com direito a atitudes sigilosas, acompanhamento de economista, avião, carro blindado e motorista.

Sobre o episódio, podem restar dúvidas em relação à procedência e ao conteúdo das caixas. Mas não cabem dúvidas sobre terem estado rotuladas como bebida e quanto ao fato de pelo menos duas serem de um frugal Johnnie Walker de 25 dólares em free shop, ou de cento e poucos reais em qualquer supermercado da paulicéia, onde se situava o destino final da encomenda.

O depoimento de Vladimir Poletto à CPI tornou a situação ainda mais exótica. Para poder negar o que dissera à revista Veja, e tendo a fita com a gravação de sua voz sido exibida à CPI, Poletto sustentou que, estando bêbado na ocasião, não tinha a menor idéia do que dissera ao repórter. Pois é. Além de tudo, amarraram cachorro com lingüiça. Encarregaram um borracho de transportar uísque...


Nota do Editor: Percival Puggina é arquiteto, político, escritor e presidente da Fundação Tarso Dutra de Estudos Políticos e Administração Pública.

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