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Opinião
29/11/2005 - 18h03
Ritas, Katrinas e a Mata Atlântica
Luís J. Ayllón
 

O respeitado físico alemão Klauss Heinloth, que recentemente esteve em Campinas (SP) para debate sobre o meio ambiente, quando inquirido sobre se o fato de os furacões estarem aumentando tem relação com o aquecimento global, respondeu sem pestanejar: “Estudo mudanças climáticas há 30 anos e posso dizer que o aumento do número de furacões está diretamente relacionado com as ações do homem”.

Para o também físico e igualmente respeitado professor José Goldemberg, secretário do Meio Ambiente do Estado de São Paulo, a conclusão é idêntica: “Os furacões sobre o Atlântico têm sido mais freqüentes do que no passado, nos últimos 11 anos. E neste ano se esperam ainda mais três furacões, que poderão ser tão destrutivos como o que devastou New Orleans. Grandes inundações se tornaram também mais freqüentes na China, na Alemanha, na Europa Oriental e até no Brasil”. E prossegue: “As evidências até agora não são definitivas, mas o aquecimento global causado pelo efeito estufa parece ser a causa”.

Paralelamente, notícia distribuída pela agência de notícias Reuters fala da diminuição do gelo do Ártico pelo 4º ano consecutivo: “O gelo que cobre o mar do Ártico atingiu, pelo 4º ano seguido, a menor área registrada: chegou a 5,3 milhões de km² no verão. A média entre 1978 e 2000, no mesmo período, era de 7 milhões de km². Para o pesquisador Mark Serreze, que participou do estudo, “é cada vez mais difícil argumentar contra a noção de que pelo menos parte do que se vê no Ártico deve-se ao efeito estufa”.

Está evidenciado que o uso de combustíveis como gasolina e carvão é uma das causas, talvez a mais importante delas, para o aquecimento global. E a história mostra que, desde 1928, só três furacões de categoria 5 haviam atingido a costa dos Estados Unidos: um em 1935, outro em 1969 e o terceiro em 1992. Neste ano, além dos devastadores Katrina e Rita, já houve tantos furacões menores no Oceano Atlântico que a lista de nomes, que vai seguindo a ordem alfabética, não será suficiente. É a primeira vez na história que isso acontece.

Aqui, também pela primeira vez, a agricultura teve prejuízos superiores a R$ 10 bilhões com secas extemporâneas, como a que assolou o Rio Grande do Sul, que perdeu mais de 70% da safra de soja. Inundações e deslizamentos de terra continuaram a fazer vítimas no Brasil, assim como ciclones, sendo o do ano passado em Santa Catarina classificado como o primeiro furacão no País documentado pela Organização Meteorológica Mundial. Fora de nossas fronteiras, como já vimos, os furacões Rita e Katrina produziram devastação inédita no sul dos Estados Unidos, metade da Europa foi inundada enquanto a parte sul sofria com calor e incêndios e, na Ásia, milhares morreram e milhões de pessoas ficaram desabrigadas devido a inundações tsumânicas.

Aderir ao protocolo de Kyoto é assim um imperativo para impedir que o clima da Terra fique cada vez mais maluco e governos de nações como os Estados Unidos e a Austrália precisam tirar lições dos recentes furacões que assolaram o planeta, seguindo o exemplo dos países europeus e da Rússia, cuja recente adesão deu ao protocolo a força jurídica de um tratado internacional.

Ao mesmo tempo, a preservação de matas e biomas como a Mata Atlântica, o Cerrado e a Amazônia é tarefa urgente e imprescindível para a saúde ambiental do planeta. Afinal, a Mata Atlântica está reduzida hoje apenas a 90.438 km², ou 7% de sua cobertura original, e é considerada um dos biomas mais ameaçados da Terra. Por isso que, na condição de empresa consciente das suas responsabilidades sociais e ambientais e de maior fabricante mundial de carpetes, firmamos uma parceria com o Programa Florestas do Futuro, da Fundação SOS Mata Atlântica, criando o programa de reflorestamento CarpeTree, que está ajudando a recompor matas ciliares das bacias hidrográficas de cinco rios e da região, conforme estudos da própria Fundação e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, já tendo sido plantadas as primeiras dezenas de milhares de árvores do programa. Estamos fazendo deste modo a nossa parte, ajudando a preservar o que restou da Mata Atlântica e até, quem sabe, ajudar na recuperação, pelo menos em parte, do 1 milhão e 200 mil km² que foi perdido com o tempo. Certamente não é uma tarefa das mais fáceis, mas o que está em jogo é que tipo de planeta iremos deixar para as próximas gerações.


Nota do Editor: Luís J. Ayllón é vice-presidente para a América Latina da Interface.

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