O consumo de leite está incorporado ao cotidiano de grande parte da população mundial. O leite é consumido desde o nascimento até a idade adulta e possui importantes nutrientes para o organismo humano. Entretanto, grande parte da população mundial é intolerante ao produto ou derivados. O problema ocorre devido à lactose, um açúcar presente tanto no leite humano como de outros animais, que não é bem tolerado por muitas pessoas. De acordo com estudos nacionais, 58 milhões de brasileiros adultos podem apresentar sintomas de intolerância à lactose. Destes, 10 milhões podem apresentar sintomas graves o suficiente para impedir atividades cotidianas. Entretanto, a incidência de indivíduos intolerantes varia entre diferentes populações. Entre os americanos descendentes de asiáticos, mais de 90% das pessoas apresentam o problema. Já entre os descendentes de europeus, a prevalência é menor que 25%. Em situações normais, a lactose é digerida no intestino delgado pela enzima lactase, sintetizada pelo próprio organismo humano. Algumas pessoas produzem pouca ou nenhuma lactase. "Dessa maneira, a lactose chega intacta ao intestino grosso, onde entra em contato com uma série de bactérias presentes neste órgão e transforma-se em ácido lático, ácido acético, dióxido de carbono, metano e hidrogeno", explica o presidente da Associação Brasileira de Nutrologia, Dr Durval Ribas Filho. O resultado são sintomas incômodos como cólicas, distensão abdominal, queimação no estômago, gases, diarréia, entre outros. Estes problemas podem ocorrer de 30 minutos a duas horas após a ingestão do alimento com lactose. Não há dados precisos sobre a quantidade de lactose que pode causar o problema, mas existe um consenso que 1/3 a 1/5 da população intolerante desenvolvem os sintomas a partir de 12 gramas de lactose, o equivalente a 250 ml ou um copo americano de leite. É importante ressaltar que ser intolerante à lactose não significa ser alérgico ao leite, uma vez que a ingestão de lactose não origina anticorpos no organismo das pessoas intolerantes. Entretanto, se o consumo de produtos que contêm lactose não for interrompido, o problema pode se agravar e gerar incômodos severos, como deficiências nutricionais, dor nas articulações, dores de cabeça, problemas respiratórios, entre outros. Devido ao estresse prolongado do intestino com a presença de lactose, a flora intestinal é prejudicada e substâncias tóxicas espalham-se pelo corpo. Os produtos do metabolismo no intestino e sangue prejudicam os órgãos desintoxicantes, como fígado e rins. Surgem assim problemas como dores de cabeça e nas articulações. A nutricionista ressalta que se o intestino não trabalhar corretamente são perdidos muitos nutrientes no processo de a digestão, podendo surgir uma carência de vitaminas nos indivíduos intolerantes à lactose. "Isso pode tornar o organismo suscetível a infecções ou alergias", explica Ribas Filho. Como tratar o problema? Resolver o problema requer medidas simples, como a redução ou interrupção do consumo de leite ou produtos que contenham lactose. Entretanto, é preciso ter atenção a alguns detalhes para não deixar o organismo carente de nutrientes. O leite contém uma grande quantidade de proteínas, fundamentais para o bom funcionamento do organismo. Uma alternativa é o consumo de bebidas de soja, igualmente ricas em proteína vegetal e livres de lactose. Atualmente existem diversas opções de alimentos à base de soja no mercado que podem ser usados para substituir o leite de origem animal. "As bebidas derivadas da soja têm sido uma das melhores alternativas para o tratamento de pessoas intolerantes à lactose. Muitos produtos já estão enriquecidos com cálcio e ferro, o que os tornam mais completos para o consumo", acrescenta Ribas Filho. Os produtos à base de soja são feitos a partir de proteínas que podem ser: texturizadas, concentradas e isoladas. A diferença entre os tipos está na concentração de proteína pura da soja. Alguns leites de soja são produzidos com a proteína isolada, que possui a maior concentração de proteína, 90%, além de não conter colesterol.
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