É estromberante: Ouvir música de péssima qualidade e sem qualquer contribuição cultural, diante de um esquecido e soterrado (mas sempre emergente!) repertório de fantásticas e autênticas canções nacionais; Ver um jornalismo pautado na mentira e no lucro fácil, em face de um quadro social brasileiro carente de informação e de educação; Haver tanta propagação de cursos superiores na área das humanas, enquanto o país necessita de produção e industrialização, o que só se dá principalmente com as outras áreas do conhecimento; Morar num país continental onde o transporte de produtos e serviços se dá por rodovias, quando devia haver ferrovias a fim de se baratear o alto e massacrante custo de vida, além de se evitar um grande número de tragédias automobilísticas; Passar a vida toda trabalhando e, quando se chega à velhice, não haver dinheiro para curtir o lazer merecido e, havendo, não saber mais como fazê-lo; Estudar numa escola burra e ultrapassada, mãe do nefasto decoreba, para, quando sairmos dessa escola, estamos cheios de nada e vazios de conhecimento e cidadania; Viver num país rico em recursos animal, vegetal e mineral e só perceber tanta miséria e desnutrição grassando nos grotões da sub-cidadania; Votar por obrigação e eleger pessoas para serem nossos representantes nas esferas municipal, estadual e federal e terminarmos reféns de suas vilanias, incompetências, autoritarismos e corrupções. Por fim, já que tudo parece ser estromberância nesse país, deixo aqui a definição desse termo para o amigo leitor, e que significa absurdo, monstruoso, surreal. O neologismo, gratuito, vem de carona na necessidade de se criar um novo vocábulo com o mesmo e aterrador significado, visto que há tanto encontramo-nos anestesiados quanto às suas sinonímias e, o que é pior, ineptos diante desse estromberante quadro que teima em nos engolir.
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