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Crônicas
07/12/2005 - 19h19
MM e a corrida presidencial
Chico Guil - Agência Carta Maior
 

"Não há como fugir do julgamento da história. Da Colônia ao Império e durante grande parte da República, a elite se bastou com seu próprio juízo acerca das mazelas com que decidiu o destino de gerações de brasileiros. Hoje, esse tribunal é cada vez mais amplo e menos tolerante com o erro, quase sempre deliberado" - (Orlando Brito - 2002)

(Página 38 - O deputado Marco Maciel cumprimenta o novo presidente Emílio Garrastazu Médici)

O fotógrafo Orlando Brito criou-se nos corredores palacianos de Brasília. Em seu livro Poder - Glória e Solidão ele nos mostra o resultado de quatro décadas de convivência com o poder central do Brasil, desde a tomada do governo pelos militares. Uma das primeiras fotos mostra o presidente Castelo Branco em trajes civis, ladeado por seus parceiros de quepe.

(Página 52 - A igreja católica celebra fervorosamente a Páscoa dos Militares).

A obra é sensível, feita somente de fotos e legendas curtas. Mas a realidade brutal e melancólica das últimas quatro décadas brasileiras salta aos olhos.

(Página 60 - Marco Maciel e Itamar Franco à mesa com o presidente Ernesto Geisel).

Bandeiras, soldados em formação, manifestações, celebrações, e os oprimidos lá fora enterrando bem cedo seus mortos.

(Página 90 - Sarney sorri feliz com a posse de seu amigo presidente João Figueiredo).

Contrastando com os vestidos estampados das damas dos chefes militares, o olhar assustado dos personagens que nunca foram chamados à mesa de jantar, e muito menos à de negociações.

(Página 92 - Marco Maciel, governador de Pernambuco, segura o microfone para a voz do presidente João Figueiredo).

A vaidade dos presidentes aparece em largos e generosos sorrisos, que somente se ensombrecem nos últimos meses da posse. Os bajuladores, sempre presentes no arquivo fotográfico, tratam bem ao chefe, informando progressos e sucessos de seu governo.

(Página 94 - Roberto Marinho cavalga na hípica de seus amigos militares, durante o mandato de Figueiredo).

A fome e o desespero não poderiam compor a pauta para não turvar os ensolarados dias de glória.

(Página 220 - Roberto Marinho cumprimenta Collor, na posse do novo presidente).

Somente ao termo, quando já se afastam os puxa-sacos, que sentem esvair-se a força do chefe, as luzes se apagam no palácio, escurecem a face do rei, e a realidade de um governo sem brilho cai feito a tampa da tumba sobre o presidente.

(Página 258 - Sarney, Itamar e Marco Maciel juntos).

O povo toma as ruas, o Congresso se revolta, os militares depõem as armas e retornam ao quartel.

(Página 214 - Marco Maciel na mesa, ao lado do presidente Collor).

A alegria se renova no mandato seguinte, a história se repete com variações poucas de violência e indiferença para com os que necessitam de ações governamentais.

(Página 267 - Marco Maciel e FHC fazem campanha na rua sobre uma picape).

Nova enxurrada de vaidades alaga Brasília, e os presidentes continuam apertando as mãos das pessoas importantes, inaugurando pontes e rodovias, comemorando datas cívicas, observados pelo garoto paraplégico que veio da periferia para ver as luzes da ribalta.

(Página 269 - Marco Maciel e FHC passeiam no Rolls-Royce presidencial no dia da posse).

Inúmeras forças se juntam nos salões da capital, as fotografias dos grandes líderes amarelecem nas lápides, as novas biografias ganham coloridos diversos, e a face dos desesperados continua sem maquiagem às margens da pista, os olhos assustados observando o redemoinho de ternos, gravatas e vestidos que sobem e descem a rampa do palácio.

(A última fotografia mostra o delgado corpo de um cansado Marco Maciel galgando a rampa do Planalto. A edição do livro de Orlando Brito foi profética: conforme o sucedâneo das forças da natureza humana e brasileira, Marco Maciel um dia será presidente do Brasil).

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