Os filósofos platônicos, ao dissertarem sobre o amor, concluem que, só amamos as pessoas e as coisas que vislumbramos possuidoras do bom, do belo, do prazeroso, do complementar de nossas necessidades e do realizador de nossos anseios. Só procuramos ou desejamos possuir aquilo que amamos. Esses amores, quando se trata de um município, podem ser qualificados como inatos ou adquiridos. Inatos para os que aqui nasceram e se criaram. Adquiridos para aqueles que foram atraídos por algum dos atributos relacionados pelos filósofos platônicos. Aqueles que aqui nasceram e se criaram amam a Ubatuba que os viu nascer e crescer e manifestam esse amor recordando os encantos, o naturalismo e o bucolismo do banho de rio ou de mar, da pescaria, da caçada no meio do mato, da balada inocente e pura, das manifestações folclóricas, da segurança, das portas e janelas sem fechaduras, trancas e grades etc. etc. Aquela paz e natureza pura e perdida cantada e poetizada por Idalina do Amaral Graça. Naturalmente sofrem quando observam, aquela Ubatuba, sendo destruída e vendo, a nova Ubatuba, decorrente da imigração desordenada e da exploração imobiliária, descuidada, maltratada, esquecida, cheia de problemas que, não são enfrentados como deveria e poderia ser. Gostariam transportar para a atualidade, da primeira Ubatuba, aquilo que pode ser preservado, ver, a segunda Ubatuba, limpa, bem cuidada, bem administrada e seus homens públicos interessados na solução de seus problemas. Isso não acontecendo todos sofrem. Cada um manifesta o seu sofrimento e seu amor contrariado de uma forma. Alguns o fazem mostrando, aos poderes constituídos, os erros, falhas, omissões etc. O fazem arrastados pelo seu amor a Ubatuba, mesmo sabendo que, estão se expondo a perseguições dos mais diversos tipos e modalidades. Sabem que esse é seu direito e, é dever, das autoridades, ouvi-los e respeitá-los. Maioria dos atuais moradores de Ubatuba, não nasceram no município. Foram atraídos, para estas terras, por ofertas de trabalho, possibilidades de investimentos, clima, recomendação médica, vida mansa, com qualidade e retirada. Segundo os filósofos platônicos, impulsionados pelos seus amores. Todos também manifestam seu amor de alguma forma e sabem que morar, investir, votar, produzir, pagar impostos, participar da vida do município etc., são indicadores do cumprimento dos deveres sociais e geradores do direito de reivindicar, dos poderes constituídos, educação, saúde, segurança, transportes coletivos, cidade limpa e cuidada. Todo isso feito com dedicação, qualidade, competência, eficiência, honestidade e transparência. Tem consciência de seu direito a serem respeitados.Assim agem, por amor a Ubatuba. Nessa Ubatuba multi-racial, pluri-cultural, cheia de contrastes e diferenças não pode esperar-se consenso, unicidade de pensamento e de opiniões. Pensar em impor, esse consenso, com perseguições a quem reivindica, amordaçando a imprensa, desenvolvendo uma linguagem mítica e afirmativa de que tudo, no governo, está muito bom e dividindo, os cidadãos, em dualidade maniqueísta, entre os que pensam como os governantes e tem seus mesmo credos e aqueles que pensam de modo diferente, é, no mínimo, absurdo, desrespeito às diferenças e o caminho para o fracasso. Os governantes democratas, bem intencionados, que procuram o bem comum sabem que, só quem mostra os erros e indica soluções, colabora para o progresso e o desenvolvimento. Esses devem ser ouvidos e meditar suas críticas e constatações. O administrador que assim procede acertará em suas decisões. Já quem só ouve bajuladores estará chamado à paralisação e ao atraso. Nossos administradores devem manifestar seu amor a Ubatuba (que certamente existe) cuidando melhor, investindo melhor, sendo transparentes, honestos e respeitando todos aqueles que, também amam Ubatuba, e manifestam seu amor criticando erros, solicitando esclarecimentos do duvidoso, sugerindo soluções e se expondo a retaliações. Assim procedem porque amam Ubatuba. Todos que, em Ubatuba, moramos, amamos-la e a desejamos cada vez mais próspera. Nota do Editor: Corsino Aliste Mezquita, ex-secretário de Educação de Ubatuba.
|