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Opinião
09/12/2005 - 11h05
O berço da ciência
Michelson Borges
 
O conflito ciência versus religião é resultado da mentalidade secularizada de nossos dias e não condiz com a História

Na Veja da semana passada, a jornalista Thereza Venturoli, em parceria com Okky de Souza, publicou matéria comentando a exposição sobre Darwin no Museu Americano de História Natural. Tirando a novidade da exposição, que reúne manuscritos originais do naturalista inglês, bem como fósseis e uma coleção de plantas, insetos, lagartos e tartarugas gigantes, sobre os quais Darwin se debruçou em pesquisas até sua morte, em 1882, o texto traz o de sempre: "provas" de que o evolucionismo se sustenta cientificamente e críticas ao "criacionismo dogmático".

O texto chama os defensores da Teoria do Design Inteligente (TDI) de "adeptos", e afirma que "os cientistas consideram o design inteligente uma aberração", como se "os cientistas" fossem uma família coesa, com opinião uniforme. A matéria despreza os vários cientistas e pesquisadores que questionam o evolucionismo e advogam o criacionismo e/ou a TDI. (Já propus ao editor de Veja uma entrevista com um cientista "adepto" do Design Inteligente, como Michael Behe, mas por enquanto nada... Seria de se esperar isso de uma revista de cunho jornalístico, que deve investigar os "dois lados da moeda".)

O texto de Venturoli e Souza termina dizendo que, "para quem crê na mão de Deus por trás da criação da natureza, continua a ser uma pedra no sapato. Para a ciência, Darwin permanece como um libertador das amarras do sobrenatural".

Na edição desta semana (7/12/05), Veja publicou quatro cartas comentando aquela matéria. Duas favoráveis à posição dos autores e duas contrárias. Um dos leitores, Celio, médico de São Paulo, escreveu: "Veja proporcionou importante serviço ao destacar Darwin e suas idéias. Como os criacionistas estão combatendo ferozmente as teorias hoje aceitas e comprovadas, inventando o chamado design inteligente, também citado na matéria, é importante anotar que não apenas nos EUA essa batalha está sendo travada... Mesmo assim, alguns adeptos do fundamentalismo religioso, com discutíveis títulos acadêmicos, têm percorrido universidades brasileiras para defender essa idéia. Em resumo, é preciso estar sempre alerta contra os pseudocientistas e o atraso intelectual."

Pais da ciência

Os chamados "pais da ciência", acreditavam em Deus e defendiam a Bíblia. Será Célio está incluindo Galileu e Newton no grupo dos "pseudocientistas"?

No livro A Alma da Ciência (Editora Mundo Cristão), os autores Nancy Pearcey e Charles Thaxton, (escritora científica e editora colaboradora do Pascal Centre for Advance Studies in Faith and Science; e Ph.D. em química e pós-doutorado em História da Ciência pela Harvard, respectivamente) sustentam as bases cristãs da ciência moderna. "O tipo de pensamento conhecido hoje em dia como científico, com sua ênfase na experimentação e formulação matemática surgiu numa cultura específica - a da Europa Ocidental - e em nenhuma outra... Os mais diversos estudiosos reconhecem que o Cristianismo forneceu tanto os pressupostos intelectuais quanto a sanção moral para o desenvolvimento da ciência moderna."

Com boa documentação histórica, Pearcey e Thaxton provam que o conflito ciência versus religião é equivocado e tem origem recente. "É bem provável que o primeiro cientista tenha sido um indivíduo temente a Deus... e que sua motivação para estudar as maravilhas da natureza era o ímpeto religioso de glorificar o Deus que as havia criado."

Cientistas e historiadores como Alfred North Whitehead e Michael Foster, convenceram-se de que a cultura cristã dentro da qual a ciência surgiu não foi uma ameaça; mas, sim um incentivo. Isso porque a Bíblia ensina que a natureza é real, diferentemente de outros sistemas religiosos que a consideram irreal, como o panteísmo, o Hinduísmo e o idealismo.

Outra contribuição bíblica para o desenvolvimento da ciência é a idéia de que natureza tem valor; de que o que Deus fez é bom. Os gregos antigos, por exemplo, equiparavam o mundo material ao mal e à desordem, daí o fato de denegrirem qualquer coisa relacionada à esfera material. O trabalho manual era relegado aos escravos, enquanto os filósofos levavam uma vida de ócio, na busca das "coisas elevadas". Muitos historiadores acreditam que esse é um dos motivos pelos quais os gregos não desenvolveram uma ciência empírica, que requer observação prática e de primeira mão, bem como a experimentação. Por outro lado, o Cristianismo ensina que o mundo físico tem grande valor como criação de Deus e que as coisas materiais devem ser usadas para a glória de Deus e para o bem da humanidade. Por isso, na Europa Ocidental cristã nunca houve o mesmo desprezo pelo trabalho manual. Não havia uma classe de escravos para realizar trabalhos e os artesãos eram respeitados.

Pearcey e Thaxton dizem que, além da valorização do mundo físico, a religião bíblica promoveu uma "desdeificação" da natureza. "Enquanto a natureza é objeto de adoração religiosa, sua análise é considerada uma heresia... O monoteísmo da Bíblia [do Deus fora da matéria] exorcizou os deuses da natureza, libertando a humanidade para desfrutá-la e investigá-la sem medo." E para que se tornasse um objeto de estudo, o mundo deveria ser encarado como um lugar onde os acontecimentos ocorrem de modo confiável e regular - o que, diga-se de passagem, também foi um legado do Cristianismo. (É bom lembrar, também, que o próprio avanço da tecnologia se deve, em grande medida, ao pensamento cristão bíblico. Os primeiros cientistas consideravam a tecnologia um meio de amenizar os efeitos destrutivos do pecado, conforme registrado em Gênesis 3.)

Ainda somos os mesmos e vivemos como nossos pais?

Galileu Galilei, físico, matemático e astrônomo italiano inaugurou o método científico ao argumentar que não podemos presumir saber como Deus pensa; devemos sair e olhar para o mundo que Ele criou. Segundo o observador Eiseley "o método experimental foi mais bem sucedido do que jamais poderia se imaginar, mas a fé à qual ele deve sua existência também tem uma dívida para com o conceito cristão da natureza de Deus".

Nicolau Copérnico, astrônomo polonês que defendeu o heliocentrismo em oposição à visão católico-aristotélica vigente na época (a Bíblia nada tinha que ver com essa disputa, embora muitos confundam isso), disse que "as leis da natureza não são intrínsecas e não podem ser deduzidas a priori: antes são impostas ou infundidas por Deus."

Para René Descartes, matemático e filósofo do século 17, as leis matemáticas eram legisladas por Deus da mesma maneira que um rei determina leis para o seu reino. Assim, conforme o historiador Carl Becker, a idéia de leis naturais não foi derivada da observação, mas sim, veio antes da observação, originária da crença no Deus bíblico. E Eiseley diz que a ciência nasceu "de um ato inteiramente baseado na fé em que o Universo possuía uma ordem e que esta podia ser interpretada por mentes racionais".

Isaac Newton escreveu muita coisa sobre Teologia (inclusive tratados sobre Daniel e Apocalipse). Mas os cientistas modernos parecem ignorar isso e a fé dos pais da ciência.


Nota do Editor: Michelson Borges é jornalista na Casa Publicadora Brasileira e membro da Sociedade Criacionista Brasileira (www.scb.org.br) e autor dos livros A História da Vida, Por Que Creio e Nos Bastidores da Mídia.

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