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Opinião
10/12/2005 - 08h11
Quando o diabo é mais feio do que pintam
Daniel Sant’Anna - MSM
 

Enquadra-se perfeitamente no ditado popular de que, “quanto mais fala, mais se enrola”, o documentarista carioca João Moreira Salles. Salles é irmão de outro cineasta prestigiado, Walter Salles, e junto com ele um dos herdeiros de uma das maiores fortunas bancárias deste país.

Salles é o diretor do documentário “Entreatos”, uma colcha de retalhos a respeito da campanha eleitoral de Lula que o conduziu à presidência. Apesar de ter sido lançado há tempo suficiente para que entrasse e saísse de cartaz nas salas de cinema, o diretor se recusa, agora, a lançá-lo em DVD ou negociar sua exibição em televisão, o que tem gerado protestos como o do prefeito do Rio de Janeiro, César Maia.

É natural e todos querem e têm o direito de assistir a um filme revelador sobre os bastidores de uma campanha tão polêmica, e sobre a qual pairam tantas suspeitas e indícios de irregularidades graves, certo? Errado, para João Moreira Salles, que vê como “oportunista” a revisão do filme neste momento. Devia ter aulas de oportunismo com Michael Moore.

Como empreendedor e produtor de cinema, Salles tem todo o direito de queimar os originais de seu filme e jogar as cinzas no Rio São Francisco. Como documentarista, contudo, e seguindo a tradição de seu mestre, o “rei da tesoura” Eduardo Coutinho, dá uma mostra de fraqueza artística e de caráter. Não é o documentário filmado uma das tentativas estéticas que o homem tem de apreender a realidade e tentar, dessa forma, uma compreensão maior da verdade das coisas e da história? E por que Salles abre mão disso, e em nome de quê? Estaria Salles tentando proteger Lula de mais uma oportunidade de desmascaramento público?

Sim, se analisarmos as últimas declarações do próprio cineasta. Na edição original do filme visto nas salas de cinema, Salles teria deixado de lado, segundo ele mesmo, passagens onde fica claro o completo despreparo de Lula e a incongruência de suas idéias. "Para defender o Lula [...] porque acho que ele não sabe o que está dizendo ali", segundo suas próprias palavras.

Teria Salles o mesmo pudor se o tema de seu filme fosse Maluf, Collor, Bush ou qualquer outro que fosse? Nem precisamos imaginar a resposta.

Aqui se abre espaço para a mais variada lista de teorias conspiratórias “da direita e dos reacionários deste país”, que tanta preocupação tem causado a gente como Marilena Chauí. Suspeitas de que há uma revolução silenciosa em curso, da qual participam a mídia, a intelectualidade e muitas faces do poder econômico, onde a mentira e a dissimulação são regras para um lado, e crimes para o outro.

Não... Nada, absolutamente nada a ver com toda a história o lucro recorde dos bancos no governo Lula. Afinal, tanto cineastas quanto banqueiros são vítimas inocentes das viradas do destino e dos descaminhos da política e da economia, sendo ambos incapazes de interferir em coisa alguma do que acontece a seu redor. E, vindo dezembro, todos nós brasileiros esperamos, ansiosamente, mais uma visita de Papai Noel.

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