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Opinião
10/12/2005 - 19h07
Castigo de Nêmeses
José Nivaldo Cordeiro - Parlata
 

José Dirceu foi cassado por ter cometido vários erros políticos - não quero aqui emitir juízo de valor sobre suas eventuais culpas - sendo o principal deles não ter renunciado em tempo hábil para evitar a perda dos direitos políticos. Homens muito poderosos, como Antônio Carlos Magalhães, e muito populares no meio dos parlamentares, como Severino Cavalcanti, não ousaram enfrentar o voto em plenário em processos assemelhados. A empáfia de Dirceu impediu-lhe de fazer a única coisa sensata para escapar à cassação que se sabia inevitável: a renúncia ao mandato.

É inútil qualquer tentativa de análise desse importante episódio de nossa vida política sem se ter em conta a psicologia do agora ex-deputado. Preferiu manter a empáfia diante dos pares, em atitude desafiadora, como se pudesse manobrar o Congresso Nacional à moda do que tem feito na direção do PT. A recepção que o deputado Alberto Goldman lhe deu por ocasião de seu primeiro depoimento nas CPIs foi exemplar do clima que imperava na Casa em relação à sua pessoa. Goldman lembrou-lhe duramente que ele, ali, era um igual. Não satisfeito, em atitude de rara hipocrisia, o ex-deputado declarou que não era arrogante, tendo sido acompanhado por uma gargalhada de incredulidade da platéia que lhe cassaria o mandato.

Tivesse ligado o desconfiômetro e seguido o caminho mais curto não teria sido banido da vida política.

A mitologia grega relata que o castigo dos soberbos era implacável, cabendo à deusa Nêmeses aplicá-lo de forma impiedosa. Dirceu foi vítima unicamente da sua arrogância e agora, como dantes, os arrogantes pagam caro por sua insolência. Uma descrição comum dá Nêmeses como a deusa que castigava filhos que ofendiam os pais, vingava juramentos quebrados, consolava amantes abandonados e humilhava orgulhosos e descomedidos. A história pessoal do ex-deputado é exemplo do exercício desses vícios da alma.

Virou um pato manco, perdeu parte considerável do seu poder e, com ele, seu carisma. Mesmo no meio que controla no PT seu poder ficou enfraquecido. Voltou a uma condição política pessoal de quando era jovem, só que sem a ditadura para combater e sem a energia própria da juventude. Será uma sombra do que foi. Não creio que o ostracismo forçado possa lhe dar mais oportunidades de ação e mais desenvoltura do que aquelas que exibia no pleno exercício de seus direitos políticos.

Em suma, perder o mandato foi, para Dirceu, além de dura derrota pessoal uma lição de vida, uma palmada divina. Teve que dobrar o joelho diante dos pares e diante da vida. Beijou o chão. Uma oportunidade para refletir e adquirir alguma sabedoria, se souber aproveitá-la.


Nota do Editor: José Nivaldo Cordeiro é executivo, nascido no Ceará. Reside atualmente em São Paulo. Declaradamente liberal, é um respeitado crítico das idéias coletivistas. É um dos mais relevantes articulistas nacionais do momento, escrevendo artigos diários para diversos jornais e sites nacionais. É Diretor da ANL - Associação Nacional de Livrarias.

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