13/09/2025  22h58
· Guia 2025     · O Guaruçá     · Cartões-postais     · Webmail     · Ubatuba            · · ·
O Guaruçá - Informação e Cultura
O GUARUÇÁ Índice d'O Guaruçá Colunistas SEÇÕES SERVIÇOS Biorritmo Busca n'O Guaruçá Expediente Home d'O Guaruçá
Acesso ao Sistema
Login
Senha

« Cadastro Gratuito »
SEÇÃO
Crônicas
11/12/2005 - 19h25
Mal comparando
Artur de Carvalho - Agência Carta Maior
 

A gente tem mania de chegar em casa e reclamar que não aconteceu nada. A esposa, ou o marido, ou o pai, ou a mãe, perguntam - e aí como foi seu dia? e a gente responde com aquela cara desanimada - humpft - mas eles insistem e continuam - conta aí, o que aconteceu no seu dia! e a gente, já se encaminhando para um banho, grita: - nada, nada, NADA! Agora, pensa bem. Como é que você pode ter passado vinte e quatro horas razoavelmente VIVO sem que acontecesse absolutamente nada?

Oras, é óbvio que acontecem coisas com você e comigo. Um monte delas. Mas acontece que a gente nem presta atenção. A gente acha que ir e voltar do emprego, comprar uns pãezinhos na padaria e bater um papo com o balconista - essas coisinhas miúdas que a gente faz toda hora e todo dia - essas coisas não são coisas realmente dignas de se contar para os outros. A gente queria que acontecessem coisas realmente importantes em nossas vidas, tipo impedir uma invasão de alienígenas venusianos, ou então ser perseguido por homens mal encarados, vestidos de terno preto e de óculos escuros, numa corrida de carros desenfreada pelos becos e avenidas da cidade.

Eu acho que foram os filmes norte-americanos que fizeram isso com a gente. Porque, nos filmes norte-americanos, o cara até acorda de manhãzinha exatamente como nós. Está tudo normal, ele beija os filhos, beija a esposa, toma um daqueles cafés que norte-americano gosta de tomar, cheio de bacon, ovos e sucrilhos, e aí ele se despede de todo mundo para ir trabalhar e, quando ele está no meio da rua, um raio esverdeado cai em sua cabeça e o transporta para o século IV a.C., onde ele terá que lutar contra terríveis bárbaros sanguinários para libertar a princesa seqüestrada, interpretada, é claro, pela Angelina Jolie.

E como essas coisas não acontecem nunca, a gente começa a achar que a vida da gente é uma droga, que nada faz sentido, e tudo o mais. Bem, a gente pensa assim até o dia que a gente bate o carro. O seu dia estava ali, indo daquele jeito que vai sempre, e aí, numa daquelas esquinas que no fim do dia você nem ia se lembrar que passou por ela, aparece um caminhão que simplesmente acaba com seu carro. Aí você chega em casa cheio de novidades para contar, mas dava tudo para não as ter.

É claro, também, que não se pode comparar bater o carro num caminhão com salvar a Angelina Jolie, mas você entendeu o que eu estava querendo dizer.

PUBLICIDADE
ÚLTIMAS PUBLICAÇÕES SOBRE "CRÔNICAS"Índice das publicações sobre "CRÔNICAS"
31/12/2022 - 07h23 Enfim, `Arteado´!
30/12/2022 - 05h37 É pracabá
29/12/2022 - 06h33 Onde nascem os meus monstros
28/12/2022 - 06h39 Um Natal adulto
27/12/2022 - 07h36 Holy Night
26/12/2022 - 07h44 A vitória da Argentina
· FALE CONOSCO · ANUNCIE AQUI · TERMOS DE USO ·
Copyright © 1998-2025, UbaWeb. Direitos Reservados.