Enquanto o presidente Lula discursa lulices e os oposicionistas riem das lulices para depois fazer igual, procurei saber o preço da soja. Quinze dólares o saco de 60 kg. Dez sacos, portanto, cento e cinqüenta dólares. Não está computado no preço final a água necessária à produção, insumo de difícil mensuração e dado de graça pelos celeiros do terceiro mundo aos ricos do primeiro. Não pensem os que leram esta introdução que a continuidade será uma das costumeiras vociferações contra os exploradores capitalistas que roubam o pão dos pobres camponeses famintos e bons por natureza. Isso é bullshit. Quero saber como os ricos conseguem pagar salários altos, dar educação e circo para o povo e continuar ricos. Tenho uma pista. Comprei um cartão de memória para a minha câmera digital. Um cartão quadrado de dois centímetros de lado e dois milímetros e meio de espessura. Não medi a massa, sei que é de pouca magnitude, quase desprezível. O preço foi bom, consegui uma pechincha. Cento e cinqüenta dólares. O mesmo que 10 sacos de soja ou pouco mais de meia tonelada desses grãos tão valiosos. Fiquei me perguntando o porquê de não vendermos cartões de memória além de soja. Daria muito mais lucro. A resposta é uma tal de tecnologia. Para conseguir esse produto mágico é preciso educar o povo. Isso não passa pelas cabeças duras da oposição. Nem é preciso dizer o que Lula pensa do assunto. Vamos continuar a reboque. Mil anos pelo menos.
Nota do Editor: Sidney Borges é jornalista e trabalhou na Rede Globo, Rede Record, Folha de São Paulo, O Estado de São Paulo (Suplemento Marinha Mercante) Revista Voar, Revista Ícaro etc. Atualmente colabora com: O Guaruçá, Correio do Litoral, Observatório da Imprensa e Caros Amigos (sites); Lojas Murray, Sidney Borges e Ubatuba Víbora (blogs).