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Opinião
15/12/2005 - 15h00
O custo Chávez
Rodrigo Constantino - MSM
 

Nada mais perigoso do que uma análise totalmente parcial, fruto do uso de lentes míopes que resultam da ideologia dogmática. O velho brocardo já dizia que o pior cego é aquele que se recusa a enxergar. Assim são todos os que comemoram o crescimento espetacular da economia venezuelana em 2004, que chegou a quase 18%. Os hormônios dos populistas logo se exaltam, e uma tentação incontrolável pela heterodoxia demagógica toma conta de seus cérebros atrofiados. Eis o risco de abdicar da razão em nome da fé ideológica.

A Venezuela é altamente dependente do petróleo. Esta commodity responde por cerca de um terço do Produto Interno Bruto do país, assim como 80% do total das exportações. Corresponde ainda a metade da receita do governo. Poderíamos afirmar que a Venezuela é uma grande empresa de petróleo. Infelizmente para os cerca de 25 milhões de venezuelanos, uma empresa estatal. Interesses políticos dominam a pauta da PDVSA, cujo resultado não poderia ser outro que não a ineficiência. Mas o fato é que a natureza fez sua parte, e o resto do mundo, crescendo de forma impressionante, completou o trabalho. A Venezuela tinha tudo para estar vivendo em um céu de brigadeiro. Entretanto, está muito longe disso, mais perto de um céu com pesadas nuvens negras. A culpa toda é do governo e seu protótipo a ditador, Hugo Chávez.

O preço do barril de petróleo, medido pelo WTI, estava perto dos US$ 20 em meados de 2002. Com a forte demanda, puxada em boa dose pela China, esse preço triplicou, oscilando atualmente próximo dos US$ 60. A Venezuela exporta mais de 2 milhões de barris diários. Usando matemática elementar, temos que apenas o efeito do aumento do preço por barril geraria algo como US$ 80 milhões por dia a mais para o país. Isso é equivalente a US$ 2,4 bilhões por mês, ou aproximadamente US$ 30 bilhões por ano. O PIB da Venezuela em 2003 estava perto de US$ 125 bilhões. Ou seja, esse incremento causado apenas pela variação do preço do petróleo significaria um aumento de mais de 20% no valor total.

Não obstante, o PIB venezuelano sofreu abrupta queda em 2002 e 2003, da ordem de 9% por ano. O crescimento de quase 18%, portanto, é calculado em cima de uma base extremamente baixa. Analisando o triênio de 2002 a 2004, vemos que a economia venezuelana ficou praticamente estagnada, enquanto o mundo cresceu bastante, para não falar dos países produtores de petróleo. Em resumo, enquanto o petróleo, de longe o principal produto venezuelano, triplicou de preço, a economia do país ficou atolada no lamaçal criado pelo populismo de Chávez. Isso sem nada falar da inflação, que está em patamares extremamente elevados na Venezuela, ainda acima de 15% ao ano. A miséria na Venezuela aumentou, mesmo com tantos petro-dólares entrando no país. A Venezuela ostenta a triste posição de 146 em liberdade econômica medida pelo Heritage Foundation, em um total de 155 países. E na eterna mania que alguns têm de idolatrar o fracasso, ainda conseguem comemorar tamanha mediocridade. Viva Chávez!

O mercado financeiro acusou o golpe, e como bom reflexo da confiança dos investidores no país, mostra que a Venezuela vai de mal a pior. Neste ano, os países com melhor performance na bolsa de valores são Dubai, com alta de 152% em dólares, Jordânia, com 106%, Arábia Saudita, com 105%, Kwait, com 86%, e Rússia, com alta de 76%. Todos são, não por coincidência, países bastante dependentes do petróleo. E onde está a Venezuela neste ranking? O índice de ações da Venezuela amargou uma queda violenta de 40% em 2005, simplesmente a pior performance do mundo! Eis o custo Chávez.

Reparem que estou focando aqui exclusivamente nas questões econômica e financeira, pois se fosse falar de liberdades, a Venezuela ficaria ainda pior na foto. A imprensa tem perdido enorme grau de liberdade, a intervenção estatal nas empresas beira o fascismo e a democracia anda totalmente capenga. Algo como 75% dos eleitores não compareceram às urnas nas últimas eleições. Chávez é uma espécie de Fidel Castro, só que sem a barba, e com muito petróleo. Pobres venezuelanos, caminhando rumo à desgraça cubana.


Nota do Editor: Rodrigo Constantino é economista pela PUC-RJ, com MBA de Finanças pelo IBMEC. Trabalha no mercado financeiro desde 1997. É autor dos livros "Prisioneiros da Liberdade" e "Estrela Cadente: As Contradições e Trapalhadas do PT", ambos pela editora Soler.

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