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Opinião
16/12/2005 - 14h50
Questão aborto: pertinente, porém efêmera
Luiz Roberto Teixeira Di Lascio
 

É um tema polêmico, dramático, divisor de idéias, opiniões e foco de discussões. Uma guerra. Toda batalha tem por motivação uma causa pela qual se dá a vida. Na presente questão, a causa é vencer para se ter o direito de expulsar, prematuramente do útero, o embrião ou feto. Algo, à primeira vista, chocante, deprimente e revoltante.

Acredito ser essa, realmente, uma batalha sem fim. Trata-se de um jogo de poder sobre uma situação em que aquele que teria o direito de opinar, de se defender e decidir, é fraco, impotente e indefeso. Teríamos muitas surpresas se realmente o feto ou embrião pudesse dar a sua opinião, ou fazer a sua escolha entre o nascer e o não-nascer.

A vida se torna dom, presente, gratuidade, quando toda uma sociedade juntamente com o seu governo, atuando com políticas públicas verdadeiras, garantem e legitimam perante o mundo que, uma nação desenvolvida não se avalia somente pelo seu progresso científico e tecnológico, e nem somente pela sua estrutura capaz de prover a formação e capacitação de técnicos. Mas sim, pela sua capacidade e carisma de garantir o direito à vida, extensivo à maternidade e à infância, como estabelece a Declaração Universal dos Direitos Humanos, em seu artigo XXV.

Aliás, aproveito a oportunidade para sugerir aos nossos governantes e parlamentares, que retomem o estudo da Declaração Universal da Pessoa Humana. Haveria uma mudança de paradigma no Congresso e Câmara, e no cenário acadêmico e político de Brasília.

Aqui, a discussão é muito mais séria do que pensamos. Sem se deixar prender ao "achismo", ao "somente eu tenho..." ou "esse é o meu direito, é a minha liberdade..., eu sou dono da minha vida", e assim por diante... As justificativas e tomadas de posição são tão numerosas quanto os grãos de areia da praia.

Estive pensando na situação das mulheres que engravidaram ou que sofrem as conseqüências do aborto, enquanto no mundo trava-se a polêmica se deve ou não legalizá-lo. As manifestações contra e a favor acontecem, numa luta acirrada, frenética. Ao mesmo tempo, em algum lugar deste imenso Brasil, mulheres de diferentes idades (algumas tão jovens), raças, credos, posição social, estão carregando uma cruz pesadíssima, quando já não estão crucificadas, ao tempo em que se desenrola o jogo de quem vai vencer. Muitas morrem no calvário, abandonadas, num clima de verdadeiro inferno.

Pergunta-se: para quem fica o peso maior da responsabilidade e da decisão, no caso de uma gravidez indesejada ou aborto? Quem sofre as seqüelas, devendo carregar para o resto da vida os traumas dessa violação? Quem sofre a discriminação e, em muitos casos, o abandono dos familiares, amigos e, principalmente, do homem parceiro e cúmplice, também grávido, e por isso co-responsável desse ato? Quem corre o risco de vida junto a médicos, parteiras, ou com a ingestão de chás e "remédios" abortivos? Quem arca com as despesas? Quem carrega dentro do ventre, durante todo esse tempo, esse fruto indesejado? Quem fica noites em claro, e ainda tem que enfrentar, no dia seguinte, o trabalho, as pessoas? Sem falar a confusão gerada na polêmica das opiniões e palpites: "O que você acha? Devo ou não tirar? Conto ou não aos meus pais?" Ficaríamos longas horas debatendo para constatar que, ao final, sempre fica para a mulher o pesado ônus de pagar essa conta.

O mais interessante, revoltante e desesperador é que, a outra pessoa que deveria, também, arcar com todas as responsabilidades sobre este assunto, o "homem", torna-se um personagem virtual, desaparece do cenário. Pratica o ato, consuma-o, convence a parceira, chantageando-a, envolve a vítima com as mirabolantes promessas e, depois, quando fica sabendo que a mulher está grávida, e isso não estava nos planos dele, sai pelo lado mais fácil. E ainda propõe soluções como um verdadeiro cafajeste e hipócrita, um verme da sociedade. Viola a dignidade da pessoa com chantagens emocionais, deixando abandonada à própria sorte a mulher, amedrontada, desesperada, para se virar como puder, conforme o velho chavão dos canalhas: "o filho é teu, se vira; dá, vende, aborta... faça o que você quiser ou achar melhor. Eu tô fora. Não me procure mais". O incrível da hipocrisia é que o fulano desaparece de cena e ainda ameaça a mulher, caso ela pense em procurá-lo. Isso, sim, é crime. Aqui dois seres humanos correm risco de vida, a mãe e o feto.

Na sociedade brasileira, a isenção e a absolvição da figura masculina em muitos desses casos é um traço realmente cultural, e nem por isso menos chocante. A sociedade também é responsável, pois se acostumou à omissão e à covardia diante de situações que, como esta, exigem dela uma posição em favor da vida.

A questão do aborto e da gravidez indesejada não é um ponto de discussão, para aprovação ou reprovação, através de pressões e manifestações, de modo a encurralar os políticos para apertarem o botão da "bacia de Pilatos", numa reprodução do mesmo tipo de atitude do "homem" cidadão comum, que pratica seus atos, não se responsabiliza por eles, e nem assume as conseqüências junto com a mulher, solidário a ela.

Os homens, na sua grande maioria, não entendem a situação ora enfocada, porque não carregam dentro de si as seqüelas de um aborto, a triste história de um feto que foi ameaçado e aterrorizado pela expulsão. Assim, podemos entender a situação de alguns políticos que, se não votarem na aprovação da lei pró-aborto, sentem-se ameaçados de serem expulsos do ventre materno da política, perdendo, assim, o seu lugar, e de serem castrados nos seus cargos e mordomias parlamentares.

A solução está na educação, na família e na religião. Este é o tripé em que se sustentam os pilares fundamentais para a formação integral do ser humano, como agente transformador e construtor de uma sociedade que privilegia a dignidade e valorização da vida. Vida que deve ser um direito garantido a todos, desde a fase da fecundação até a idade da velhice! É imperioso que nos empenhemos para acabar com essa cultura centrada neste círculo vicioso: faz sexo, engravida, aborta.

Esta discussão exige maturidade dos governantes, dos políticos, dos educadores, pais, religiosos, profissionais liberais, e de todas as pessoas e segmentos da sociedade. A solução para a gravidez precipitada ou indesejada não é o aborto, mas o diálogo, a investigação para se apurar o que, ou quem no nosso mundo atual está pregando e disseminando a banalidade da vida. O Brasil é um país que tem tudo para endossar para o mundo o certificado de que a vida está acima de qualquer outro valor, e que vale a pena viver. Sem medo de ser feliz!


Nota do Editor: Pe. Luiz Roberto Teixeira Di Lascio do Movimento "Palmas para a Paz".

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