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Opinião
17/12/2005 - 06h11
Ideologicamente estressados
Luciano Pires
 

Recentemente cunhei a expressão "ideologicamente estressados" para adjetivar algumas pessoas que me atacaram quando manifestei a necessidade de se falar o idioma com correção ou de se criar um sistema de qualificação a quem concorrer a cargos públicos. Na visão daquelas pessoas, sou preconceituoso e elitista. Alguns leitores pediram que eu explicasse melhor o conceito do "estresse ideológico".

Um dos pioneiros no estudo do estresse foi um canadense, Hans Selye, que em 1936 submeteu cobaias a estímulos estressantes e observou um padrão específico na resposta comportamental e física dos animais. Selye descreveu os sintomas como Síndrome Geral de Adaptação. E a decompôs em três fases sucessivas: alarme, resistência e esgotamento. Após a fase de esgotamento surgiam doenças sérias como artrites, úlcera, hipertensão e problemas cardíacos. São dois os tipos básicos de estresse: o crônico e o agudo. O estresse crônico afeta a maioria das pessoas, sendo "suavemente" experimentado no dia a dia. O estresse agudo é mais intenso e curto. É causado por situações traumáticas, mas passageiras, como a morte de um parente, uma separação, uma demissão. Portanto, basta estar vivo para estar sujeito ao estresse.

Já "ideologia" pode ser entendida como um conjunto de crenças e objetivos de um grupo social ou político, que explica e justifica as decisões e o comportamento desse grupo. Karl Marx definiu ideologia como o conjunto de idéias que a classe dominante de uma sociedade impõe sobre todos os membros dessa sociedade.

E vejamos o que anda acontecendo neste país tropical. Somos um país jovem. Que só começou a existir de fato no século 19, com a chegada da família real portuguesa. Temos, portanto, menos de 200 anos. E só começamos a experimentar o gostinho da vida democrática umas duas décadas atrás. Somos jovens aprendizes. E nesse processo tivemos ondas de autoritarismo, populismo, revanchismo e outros ismos. Na última eleição presidencial vivemos uma dessas ondas. O petismo tomou o poder, amparado num discurso que prometia a redenção. Foi a primeira vez que vivemos uma transição dessa magnitude e milhões depositaram suas esperanças na promessa do céu.

Pois na metade do mandato, o trauma. As referências que elegeram o grupo redentor caem por terra. Os valores cultivados por quase três décadas desaparecem. O discurso da esperança dissipa-se dentro de uma cueca, em meio a apertos de mão e abraços comerciais... Os escolhidos mostram-se exatamente iguais aos que sempre combateram. Um choque.

O resultado? Trauma ideológico... Estresse ideológico... Agudo!

Portanto, calma com os ideologicamente estressados. Eles acabam de sair da fase de alarme descrita por Hans Selye, para entrar na de resistência.

Em breve cairão no esgotamento.

Não precisam de críticas. Precisam de ajuda. De um "spa" ideológico.

Reconhecer os sintomas seria um ótimo começo.


Nota do Editor: Luciano Pires é jornalista, escritor, conferencista e cartunista.

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