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Opinião
21/12/2005 - 17h04
O afrouxamento dos costumes
Mário Ivan Araújo Bezerra - MSM
 

No dia oito de dezembro, o Governo Federal e boa parte da sociedade brasileira resolveram unilateralmente fazer feriado, ao arrepio da Lei que regula o assunto. O noticiário da semana passada deu conta de que o Tesouro vai liberar 2,8 bilhões de reais, aí incluído o "dinheiro dos parlamentares". A todo momento, notícias como essas são estampadas sem acanhamento nos jornais, sem qualquer conseqüência que não o ônus para os cofres públicos e para nosso conceito perante as demais nações. Nossa História recente é pródiga em exemplos dessa natureza.

É preocupante a tendência que se observa atualmente, no sentido de abrandar os costumes, de distorcer as regras, de sempre dar um jeitinho para que tudo saia como queremos, como nos convém. Mas não é assim que um país logra ser incluído no rol dos integrantes do primeiro mundo, como, com toda razão, anseia o povo brasileiro.

Nos tempos atuais, a mentira é considerada uma legítima arma de defesa de quem transgride as regras da sociedade.

O governo aumenta impostos e a fiscalização persegue implacavelmente os sonegadores... mas tolera paternalisticamente o caixa 2 dos amigos, crime fiscal que, por meio de um truque, foi matreiramente transformado em simples esperteza.

Por outro lado, ao político ameaçado de cassação é permitida a renúncia com retorno na próxima eleição. Quando o parlamentar perde o mandato, nunca, com raras exceções, fala-se em devolução do dinheiro e em processo criminal.

Seremos eternamente o país das leis que "pegam" e das que "não pegam"? Quando nos disporemos a realmente cumprir a Lei? Quando, em todo o território nacional, os motoristas respeitarão a preferência dos pedestres, conforme prescreve o Código de Trânsito Brasileiro?

Agora mesmo estão discutindo se haverá ou não mais uma convocação extraordinária do Congresso, às custas do bolso do contribuinte. Todos já sabemos a conclusão a que se vai chegar.

Ninguém se admira pelo fato de o congressista receber jetom mesmo que falte à sessão, quando é por demais sabido que essa gratificação foi instituída justamente para incentivar o comparecimento ao trabalho. Trabalhadores em greve continuam a perceber salários às custas da entidade patronal, como se estivessem comparecendo diariamente ao trabalho.

E isso tudo sem falar que nosso estudante tem menos de cento e sessenta dias de aula por ano. E os incontáveis "recessos"? Há o "recesso" de Natal, o do Ano Novo etc. etc.

Enquanto isso, o país perde o bonde da História: as taxas de crescimento econômico são pífias numa época em que o mundo dispara; o analfabetismo mantém-se teimosamente elevado, em que pese nosso excelente plantel de educadores e a distribuição de renda permanece uma vergonha nacional. É mais uma oportunidade jogada fora.

Num mundo assim, quem, por costume ou educação, cumpre as regras fica em enorme desvantagem. E, como disse Rui Barbosa, "chega a desanimar-se da virtude, a rir da honra, a ter vergonha de ser honesto".

Nos Estados Unidos, país odiado pela esquerda, trabalha-se muito: lá só existem dez feriados durante o ano. (Aqui, temos também os dias "imprensados"). Lá, como na Europa, as pessoas cumprem horário, não chegam atrasadas às reuniões. Declaram honestamente sua renda. Lá, mentir é falta grave. E quem transgride a Lei é punido. Que o diga Al Capone.

Numa época em que tanto se fala em reformas e em que os partidos se preparam para os embates da próxima eleição, seria bastante oportuno que a classe política pensasse seriamente no assunto e tornasse públicas suas posições, para que o eleitor pudesse se definir conscientemente.

Para ser considerado país do primeiro mundo, para pertencer ao Conselho de Segurança da ONU, é necessário bem mais do que querer. É preciso, antes de mais nada, ser sério e respeitado. E o exemplo, indubitavelmente, deve partir do Governo, aqui incluídos os três poderes. É bom lembrar disso nas próximas eleições.

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