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Opinião
25/12/2005 - 20h37
Desceu e cortou o pescoço do Zé Dirceu
Mario Guerreiro - Parlata
 
A guilhotina

Em inolvidável sessão do Congresso Nacional, que entrou pela madrugada adentro, foi cassado por falta de decoro pra lamentar (sic), o deputado Zé Dirceu (PT-SP), apesar de o mesmo ter dito - cerca de um mês antes, em tom greve e solene ipsis litteris:

"Estou cada vez mais convencido da minha inocência".

Pelo jeito, ele conseguiu realizar a extremamente difícil - se não impossível - tarefa de convencer a si mesmo de que ele não era culpado. Porém, não conseguiu realizar a bem mais fácil tarefa de convencer também seus pares no Congresso.

Em mais um de seus memoráveis discursos de improviso, o Cícero de Garanhuns, Lullinha Paz e Amor, declarou que o companheiro Zé Dirceu foi vítima de uma injustiça, pois seu mandato foi cassado sem provas. De fato, corrupção nem sempre passa recibo... Mas, para conferir maior grau de firmeza e credibilidade em sua ilustre pessoa, o Supremo Manda-Chuva da Nação disse que não hesitaria um segundo em convidar Zé Dirceu para subir em seu palanque. É mesmo?

Ora bolas! Se é assim, por que não nomeia o homem ministro de qualquer coisa? (Secretário, não: é uma capitis diminutio!).

É sabido que, pela lei, quem teve seu mandato cassado não pode se candidatar por 10 anos, mas, por incrível que pareça - de acordo com a sábia legislação brasileira - pode ser nomeado para qualquer cargo no Poder Executivo, pois não foi cassado por "falta decoro executivo", o que é coisa inteiramente diferente de "falta de decoro parlamentar" (ou pra lamentar)!

Em outras palavras: um membro do Congresso cassado por corrupção pode ser nomeado pelo presidente da República para exercer qualquer cargo no Poder Executivo. O espírito da lei é cristalinamente claro: todos merecem uma segunda chance noutro Poder - a não ser no Judiciário que, ao menos por enquanto, só se entra por concurso - para que possam mostrar-se arrependidos de ser maus caracteres. De onde se infere que está profundamente equivocado o vetusto e consagrado provérbio que diz: "Cesteiro que faz um cesto faz um cento".

Provavelmente, Lulla - que não viu nada, não sabe de nada e não sabe nada - também não sabe que pode arranjar um cabide para Zé Dirceu pendurar seu paletó, sem que, com isto, esteja transgredindo a lei. Afinal de contas, ele é um velho companheiro de lutas e está desempregado...

Aguardemos, pois, para verificar se outras cabeças vão rolar, como é extremamente justo no caso dessa pouca vergonha que foi o mensalão, ou se estamos diante de apenas um sacrifício de um bode no altar do Congresso, para apaziguar a ira dos deuses que comparecerão brevemente às urnas e já estão fartos de um congresso-pizzaria.


Nota do Editor: Mario Guerreiro é Doutor em Filosofia pela UFRJ. Professor Adjunto IV do Depto. de Filosofia da UFRJ. Ex-Pesquisador do CNPq. Ex-Membro do ILTC [Instituto de Lógica, Filosofia e Teoria da Ciência], da SBEC. Membro Fundador da Sociedade Brasileira de Análise Filosófica. Membro Fundador da Sociedade de Economia Personalista. Membro do Instituto Liberal do Rio de Janeiro e da Sociedade de Estudos Filosóficos e Interdisciplinares da UniverCidade. Autor de obras como Problemas de Filosofia da Linguagem (EDUFF, Niterói, 1985); O Dizível e O Indizível (Papirus, Campinas, 1989); Ética Mínima Para Homens Práticos (Instituto Liberal, Rio de Janeiro, 1995). O Problema da Ficção na Filosofia Analítica (Editora UEL, Londrina, 1999). Ceticismo ou Senso Comum? (EDIPUCRS, Porto Alegre, 1999). Deus Existe? Uma Investigação Filosófica. (Editora UEL, Londrina, 2000). Liberdade ou Igualdade (Porto Alegre, EDIOUCRS, 2002).

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