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Opinião
27/12/2005 - 20h36
Abaixo a lógica
Luís Afonso Assumpção - MSM
 

Quero fazer aqui um manifesto. O manifesto de um homem só, cansado de explicações infindáveis sobre tudo: abaixo a lógica.

Depois de tentar durante muito tempo procurar argumentos lógicos para minhas percepções, de criar proposições que pudessem explicar as minhas intuições de uma forma clara, objetiva e, portanto, "irrefutáveis", cheguei à conclusão de que é em alguma medida um esforço inútil e quase um desvio na busca da verdade mais objetiva.

O cerne da questão é que minhas percepções vêm "a priori". Minhas conclusões já nascem prontas e então - como se elas por si mesmas não bastassem - fico a procurar esquemas mentais que mais se encaixem numa explicação lógica para tentar demonstrar estas percepções de forma objetiva.

Acontece que a natureza das percepções é diametralmente oposta à das racionalizações: uma nasce no escuro mais recôndito de minha mente, agindo por si a estabelecer ligações entre eventos aparentemente desconexos e a tirar de sua cartola mágica conclusões ready-made, enquanto que a outra é o seu oposto. A lógica - se bem usada - serve como caminho para a busca da verdade. Então explicar o que lhe veio de forma intuitiva através de um modelo lógico-racional, pode transformar o que era verdade numa espécie de jogo mental.

Esta forma de pensamento "impressionista" age mais ou menos como um Marcel Duchamp a encontrar significados novos para objetos de pensamento e eventos aparentemente banais. Tentar fazer a "engenharia reversa" da intuição não leva a lugar algum. Ou a um lugar pior ainda.

Por mais brilhante que a demonstração do "cálculo" seja, ela sempre vai repousar sobre dois pilares: a lógica e seu primo-irmão, a matemática. E estas duas nos levam a um mundo material de demonstrações obrigatórias a cada ponto.

Com isso, tudo vira táctil. E o táctil é o mundo da economia e das sensações. Tentar explicar as motivações humanas por fatores unicamente sensoriais e econômicos sem levar em conta a real natureza do espírito humano é uma redução formidável.

Como explicar Deus em termos lógicos? É claro que é possível catalogar pistas e enumerar evidências sutis de sua existência usando estes caminhos, mas estas demonstrações, por mais evidentes que sejam, exigem do seu interlocutor um talento inato para a abstração quase na mesma medida de seu proponente.

Por tudo isso minha auto-definição como "liberal-conservador" é muito mais um cacoete mental - de tentar catalogar minhas crenças em algo palatável e razoavelmente sabido - do que uma explicação real.

Acredito que todo o ser humano e, em especial o seu pensamento, sejam inclassificáveis por natureza. Todo mundo é uma ilha. Mas num mundo como o atual em que alguns valores tomaram o lugar do todo - como o esquerdismo militante - este rótulo serve muito mais como uma demonstração inequívoca de contrariedade.

Uma antiga música dos Engenheiros do Hawaii dizia "eu me sinto um estrangeiro, passageiro de algum trem que não passa por aqui". A definição pode ter brotado involuntariamente do autor, mas é realmente a expressão da verdade.

Minha autodefinição como "liberal-conservador" é antes de tudo uma declaração de guerra. E ao mesmo tempo uma declaração de fé no equilíbrio. Um liberal e conservador só pode sobreviver se as suas duas partes puderem conviver num arranjo equânime. "Tudo na sua justa medida" como dizia Aristóteles. Este é o real segredo. E guerra às definições fáceis, aos jogos mentais que levam muitos ao esquerdismo mais pueril ou ao economicismo radical - ambos lados da mesma moeda.

Como "moeda" é um assunto puramente econômico, fico de fora desta questão.


Nota do Editor: Luís Afonso Assumpção é engenheiro mecânico, atuando na área de Tecnologia da Informação. Edita o blog Nadando Contra a Maré Vermelha e colabora com Avaliando o Mundo.

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