Agora o ministro Palocci vai aos jornais e diz, ou melhor, garante que o ritmo do crescimento econômico será forte, na faixa de 5%. Primeiro que crescer 5% para quem vem de médias bem menores não pode ser classificado como forte, como ele mesmo se referiu aos 5%, depois, fica caracterizado o erro na condução de uma economia extremamente engessada por juros altos e superávit primário muito além das exigências. Como o papel aceita tudo, como faltam pautas de fim de ano, todo mundo tratou apenas de repetir o que declarou o ministro. As promessas de Palocci soam como as de fim de ano, como parar de fumar, emagrecer, ter hábitos mais saudáveis. São promessas possíveis? Sim, são, mas para isso é preciso um grande esforço. Primeiro, com isso, ele disse ao mercado que especula, o financeiro, que a redução da taxa de juros será mantida num ritmo forte, em torno de no mínimo meio ponto porcentual a cada mês. Depois disse indiretamente que o superávit primário será bem menor. É preciso deixar bem claro também que é ano eleitoral e ninguém no governo, muito menos Lula, irá querer dar motivos para que seus opositores avancem sobre as pesquisas. A ordem agora é crescer a qualquer preço. Desta forma, como 2006 irá caracterizar-se por dois grandes eventos, Copa do Mundo e Eleições, está pronto o cenário para uma economia interessante, um cenário de crescimento, a despeito das crises políticas. Elas estarão lá, a perseguir Lula, mas tudo indica que os efeitos não passarão de fantasmas, que assustam mas pouco fazem. O único risco aparente de tudo isso não levar a nada é as oposições e as CPIs, embaladas pela intenção do voto, chegarem mais perto do presidente. Isso é potencialmente perigoso e não se afasta a possibilidade. Por isso, convém acreditar no que promete Palocci, mas sempre com uma dose de desconfiança. Lula se ajudaria muito se parasse um pouco os discursos. Quem fala muito acaba falando o que não deve. Sua assessoria de comunicação deveria observar mais essas coisas, se é que se pode exercer algum controle sobre o presidente nesse sentido. O governo tem demonstrado que tem pressa. Do nosso lado, como mortais, resta apenas esperar que essa conjuntura de fatos e coisas ajude a movimentar a máquina, criar empregos e condições para novos investimentos. Enfim, como são promessas de Ano Novo, não custa acreditar. Um feliz 2006 para todos nós.
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