Esta é a realidade, expressa no título: o Partido dos Trabalhadores não deixou de ser socialista para se aliar à direita, às elites, aos banqueiros, ao "projeto neoliberal de FHC, de Bush, da ALCA e do FMI", como gritariam Heloísa Helena, Babá e Luciana Genro. Ainda que aparente ter traído seus "princípios proletários", o PT está é colocando em prática a mais primitiva das técnicas apregoadas por Lênin, a da criação das condições propícias de tomada de poder. Vejam bem: com o discurso radical contra a propriedade privada, contra o respeito aos contratos, a favor da estatização das empresas, o PT amargou duras derrotas de seu eterno candidato Lula à presidência da República. A mudança de tom era necessária. Não porque o PT mudara, mas para atrair os incautos e, de outra maneira, mais sutil, destilar o veneno marxista em doses homeopáticas. Assim, galgando os degraus do Planalto, Lula mostrou-se mais flexível, e até foi pedido ao MST e à CUT que tolerassem o fingimento do PT fazendo-se centrista. Já no poder, tratou o Partido de desenvolver trabalho dúplice: fortalecia a economia de um modo quase-direitista (notem o quase, pois se direitista fosse, não haveria essa absurda taxa de juros destroçando a classe média, a propriedade privada e a livre-iniciativa, os pilares de uma ordem realmente conservadora); e, por outro lado, aumentava tributos, manipulava o Parlamento com mensalões, aparelhava o Estado, fortalecia os vínculos com Cuba e a Venezuela de Chávez, patrocinava com dinheiro público as passeatas de grupos campesinos em suas desordens de costume, e, em ações menos visíveis, elogiava ex-guerrilheiros comunistas, subvencionava históricos programas igualitários (pró-homossexuais, pró-aborto, pró-confisco da propriedade rural, v.g.), tudo em consonância com os postulados socialistas. Se o PT agisse de modo mais explicitamente esquerdista, seria defenestrado dos palácios que ora ocupa. Sorrateiramente, cobriu com um espetáculo um pouco menos vermelho, tal qual cortina de fumaça, a ação típica de seu programa favorável ao totalitarismo. Agora protestam os extrema-esquerda contra Lula, mas por não entenderem que, no momento presente, o interesse da Revolução é posar de boazinha, melhorar a saúde financeira das empresas (quem quer tomar para si sociedades instáveis e sem lucratividade?), aparentar certo direitismo. O PT age à moda de Gramsci e Lênin, e não como os juvenis Mao e Che. É, assim, mais comunista (e traiçoeiro) do que os PSTU, P-SOL e PCOs da vida! O PT não se corrompeu por causa da direita. Apenas colocou as unhas de fora, teimando no esquerdismo que não pensa ser corrupção nada que o Partido sancione como justo, pois, conforme a máxima gramsciana, tudo é permitido ou proibido, virtuoso ou criminoso, somente segundo o que define sua própria cartilha. Nota do Editor: Rafael Vitola Brodbeck é advogado e escritor.
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