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Opinião
03/01/2006 - 14h02
O cartão de Ano Novo do presidente
Eleno Mendonça
 

Assim como o novo disco de Roberto Carlos, a entrevista "exclusiva" de Lula ao Fantástico trouxe pouca novidade em relação ao repertório usual. Não por culpa do repórter Pedro Bial. Hoje já vi quem criticasse o jeito de Bial conduzir a entrevista, mas acho que ele até retrucou e mostrou contradições, o que faltou foi o outro lado, que em várias vezes se contradisse, apresentar à população declarações realmente novas. Além disso, há um limite da elegância. Foi, do ponto de vista das perguntas e, obviamente, na minha opinião, muito melhor do que a entrevista do Roda Viva, mas o que se viu foi um Lula repetindo o que vem dizendo nos últimos tempos.

Do ponto de vista econômico, como candidato que é e que não assume temendo que haja algum desastre no percurso, o presidente veio com um belo cartão de ano novo, desejando a todos um feliz 2006, cheio de empregos, alegrias e novas emoções. Ora senhor presidente, para quem sai de um ano pífio, é óbvio que 2006 se for mais ou menos já será melhor. Até porque não se pode ter dúvidas, o juro continuará caindo e Palocci gastando mais. O cenário, portanto, tende a melhorar sim, mas vai produzir um crescimento na faixa de 4%, o que não chega a ser essa bonança toda a que se referiu o presidente.

Na entrevista, para "comer" tempo e ocupar espaço, o presidente lançou mão de vários artifícios, entre os quais o da auto-suficiência em petróleo. Falou também dos resultados que espera na colheita que plantou, mas se referiu apenas às sementes positivas. Gostaria de ter visto Lula falando um pouco das sementes negativas que estão germinando e que, sim, podem afetar tanto a condução política quanto econômica. Dizer de novo que nada sabia não é justificativa. Um presidente não pode ser onipresente, claro, mas não pode fugir à responsabilidade. Se houve corrupção em seu governo, ainda que durante suas viagens ao exterior, cabe a ele a responsabilidade e não se pode fugir disso.

Sem dizer-se candidato, Lula apresentou uma plataforma de campanha. Quando disse a frase "2006 será o ano", ou quando falou que "será o ano da sociedade brasileira, ano de forte crescimento, de forte distribuição de renda, de muito emprego para esse povo. Vamos construir juntos o Brasil que sempre sonhamos construir", o presidente, lógico, fazia campanha política. O que ele precisa entender é que para que haja essa explosão, ela deve permitir crescimento acima de 4%, para que haja empregos que sejam vistos a olho nu, é preciso fechar os olhos para alguns fundamentos econômicos, é preciso deixar a inflação meio sem limites, permitir um pouco de evolução do custo de vida. Se fosse em outras épocas até se poderia chamar isso de estratégia eleitoral, ou ainda de forma mais crítica e pesada, de estelionato eleitoral, tanto porque o momento que se segue é sempre de ajuste e correção, uma dose quase sempre também bem amarga para todos.

O presidente falou das medidas "estruturantes" que tomou, mas ficou apenas nas coisas positivas, faltou mergulhar no problema que mais aflige a todos, a corrupção. Que medidas "estruturantes" foram tomadas para evitar que haja novos focos de corrupção? Bem, o certo é que sua fala, a despeito de não ser inovadora, irá repercutir numa semana de poucas notícias. Sim, porque até a falta de novidades, vinda do presidente e nesse momento, é sim um veio muito bom para se trabalhar, é munição para as oposições.

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