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Opinião
04/01/2006 - 18h28
Seis dificuldades
Olavo de Carvalho - Parlata
 

Para restaurar uma política conservadora no Brasil há seis condições indispensáveis:

1 . É inútil esperar que o país progrida na direção de uma democracia capitalista quando se tem inibição de defender abertamente a superioridade do capitalismo e se permite que o discurso anticapitalista, explícito ou implícito, monopolize todos os canais de comunicação e cultura.

2 . É inútil proclamar a superioridade do capitalismo quando se tem a inibição de afirmar que essa superioridade é também de ordem moral e não somente técnica e prática. Se as pessoas admitem que o capitalismo funciona melhor, mas continuam achando que o socialismo é o bem, a única conclusão que podem tirar disso é que a eficiência é um pecado. E então perdoarão toda ineficiência e prejuízo, se for o preço do socialismo.

3 . É inútil afirmar a superioridade moral do capitalismo quando não se entende que ela só veio a existir historicamente porque incorporou e perpetuou os valores da civilização ocidental, fundados na revelação judaico-cristã, na filosofia de Platão e Aristóteles e na experiência político-jurídica romana.

Quem pretende que a pura força espontânea da liberdade de mercado possa tornar-se um princípio fundante e substituir esses valores não entende que a liberdade de mercado é a simples expressão deles na ordem econômica e não sobrevive à extirpação das raízes civilizacionais que a fundam e a alimentam. O capitalismo prosperou nos EUA porque protegeu e fortaleceu essas raízes; definhou na França porque quis colocar no lugar delas o mito da sociedade plenamente laicizada. O liberalismo materialista é a quinta-coluna do socialismo atuando dentro da cidadela mesma do capitalismo.

4 . É inútil, por fim, tentar defender a democracia capitalista, mesmo com todos os seus valores associados, quando no plano da política internacional se cede às pressões e chantagens do bloco anticapitalista, anti-americano, anticristão e antijudaico. Esperar que o Brasil progrida com a ajuda da China ou da Rússia - para não falar da Líbia ou do Irã - é querer que estes países nos dêem o que não têm nem para si próprios. A única aliança que pode nos ajudar é com os EUA e Israel. A União Européia, hesitante e ambígua, deve ser mantida em banho-maria até que decida de que lado está.

5 . Mas a causa fundamental de que essas realidades óbvias fossem esquecidas reside no acovardamento da própria política exterior americana no continente, que desde a gestão Clinton se absteve de defender os valores tradicionais do americanismo e os substituiu por uma estratégia de auto-sabotagem, que desde o início já parecia calculada para produzir exatamente o resultado que produziu: a ascensão geral da esquerda e a maré montante do anti-americanismo.

É inútil, portanto, lutar pela restauração de uma sensata política conservadora no Brasil sem exigir, ao mesmo tempo, uma mudança radical da política externa americana para com a América Latina (em artigos vindouros analisarei este ponto mais detalhadamente).

6 . Porém ainda mais inútil que tudo isso é sonhar com essa restauração sem mobilizar em favor dela a única classe que pode ainda ter alguma consciência de que ela é necessária. O empresariado nacional cedeu demais ante as exigências "politicamente corretas" impostas por intelectuais ativistas que sabem lisonjeá-lo mas que no fundo só desejam a sua morte. Deixou-se seduzir e intoxicar demais pela capciosa "novilíngua" que recobriu de uma aparência inofensiva, caritativa e benemérita, os velhos engodos estatistas e socialistas de sempre. Por isso está hoje culturalmente desarmado, confuso, ideologicamente esvaziado, chegando a lutar mais contra si próprio do que contra seus inimigos notórios.

Sem uma genuína política conservadora não haverá esperança para o Brasil. Mas sem um profundo revigoramento cultural do empresariado não haverá política conservadora nenhuma.


Nota do Editor: Olavo de Carvalho é jornalista e filósofo nascido em Campinas, Estado de São Paulo, em 29 de abril de 1947. Tem sido saudado pela crítica como um dos mais originais e audaciosos pensadores brasileiros. Professor de filosofia e diretor do Seminário de Filosofia do Centro Universitário da Cidade (RJ). Autor das obras "O Jardim das Aflições" e "O Imbecil Coletivo: Atualidades Inculturais Brasileiras". Editor do site Mídia Sem Máscara.

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