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Crônicas
07/01/2006 - 15h07
Um ano confuso
Moacyr Scliar - Agência Carta Maior
 

Ninguém poderá se queixar de que 2005 foi monótono. Este é o tipo do ano que dá trabalho aos jornalistas encarregados das retrospectivas, tamanha a quantidade de coisas que aconteceram nesses 365 dias. Tivemos de tudo: guerras, catástrofes naturais, escândalos políticos, um cardápio completo. Agora: se não é "monótono", o adjetivo que define o ano, qual será, então? Poderíamos optar por "movimentado", mas, francamente, este é óbvio demais. E quando saímos da obviedade, em relação a 2005, caímos na perplexidade. É difícil caracterizar esse período. Porém esta é a dificuldade que nos aponta o adjetivo que buscamos. 2005 foi um ano confuso.

Confuso, sim. Foi o ano em que embolou o meio de campo. O ano em que o mundo ficou de pernas para o ar. O ano em que o sertão virou mar, e o mar virou sertão. O ano em que referenciais do século passado, e até do milênio passado, foram para o espaço.

Comecemos pelo Brasil. Não, não vou falar de CPIs, de mensalão, de dólares em cuecas, de José Dirceu. Vou falar de uma pessoa que, sem militar na política, era, e é, politicamente importante: a professora Marilena Chauí. Conhecida e respeitada por sua cultura (é grande especialista em Spinoza), a professora Marilena, em meados deste ano, viu-se sob a luz dos holofotes. Ela foi a figura mais importante de um seminário significativamente intitulado "O silêncio dos intelectuais". A mais importante e a mais cobrada. Queriam que Marilena Chauí falasse, que desse sua opinião sobre o que estava acontecendo - afinal, não é esta uma das funções do intelectual? "Não falo", disse Marilena, e enumerou uma série de razões para isso, entre elas a falta de informação suficiente. Não mencionou a perplexidade, mas sem dúvida ela estava presente na sua motivação. Resultado: silêncio.

A perplexidade que reina no país tem contrapartida em outras regiões do mundo. No faroeste em que está virando o Iraque, certamente Bush, e principalmente os sinistros Cheney e Rumsfeld, são os vilões; mas Saddam Hussein é o mocinho? Ou os terroristas? A China é o país que mais cresce no mundo, mas sua população continua ganhando migalhas enquanto milionários aparecem por toda a parte. Pergunta: este é um país comunista ou um país capitalista que usou a dócil mão-de-obra preparada por um repressor regime de comunista para operar as fábricas? E, só para encerrar a lista em tom de gozação, é Maradona o novo porta-voz da esquerda ou é um baderneiro que cria confusão em aeroportos?

Se 2005 fosse um paciente - e se deitasse num divã de psicanalista - não haveria Freud capaz de entendê-lo. O tratamento, em tempo integral e dedicação exclusiva, teria de se estender por todo 2006. Mesmo assim, não seria suficiente.

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