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Medicina e Saúde
09/01/2006 - 14h10
O perigo da hepatite A nas enchentes
 
 

Perder móveis, carros, eletrodomésticos, roupas e alguns bens conquistados após uma vida inteira de trabalho é apenas um dos transtornos enfrentados pelas vítimas das enchentes. Com a chuva, as águas de rios e córregos transbordam levando lama, esgoto e lixo para dentro das casas, estabelecimentos comerciais e carros. Junto com essas impurezas está o vírus da hepatite A, causador de uma inflamação no fígado, cujos sintomas, quando presentes, são febre, sensação de fraqueza, náuseas, vômitos, falta de apetite seguidos de icterícia (coloração amarelada dos olhos e da pele), urina escura e fezes esbranquiçadas.

A hepatite A ocorre principalmente em locais com problemas de saneamento básico, porque a transmissão é fecal-oral, por meio da ingestão de líquidos ou alimentos contaminados pelas fezes de uma pessoa doente. Embora não deixe seqüelas na maioria dos casos, a hepatite A não é uma doença absolutamente benigna. Com alguma freqüência demandam internações por conta de complicações como mal-estar e desidratação e, às vezes, pela possibilidade de a doença evoluir para uma forma aguda grave, a hepatite fulminante.

A forma fulminante de hepatite pode levar a óbito cerca de 0,1% das crianças e jovens que apresentam icterícia e até 2% dos adultos ictéricos acima de 40 anos. Nesses casos, indica-se transplante do fígado, com todos os seus riscos. "Nos últimos 8 anos, as hepatites fulminantes causadas por vários agentes, entre eles o vírus da hepatite A, foram uma das principais causas de indicação de transplantes de fígado na Santa Casa de São Paulo", afirma Marco Aurélio Palazzi Sáfadi, professor-assistente de Infectologia Pediátrica da Faculdade de Medicina da Santa Casa.

"Quem vive em áreas sujeitas a inundações deve se vacinar contra hepatite A", adverte o infectologista Roberto Focaccia, livre docente pela USP, e coordenador do Grupo de Hepatites do Instituto de Infectologia Emílio Ribas. Produzida com vírus inativados (mortos), a vacina contra hepatite A "é segura e confere rápida proteção", explica Jéssica Presa, gerente-médica da Sanofi Pasteur.

População vulnerável

O impacto da hepatite A sobre o organismo humano depende da idade do indivíduo. Cerca de 70% das crianças com menos de 5 anos desenvolvem a doença sem apresentar sintomas. A partir daí, cresce o número de infectados que apresentam icterícia, vômitos, náuseas, mal-estar, falta de apetite e febre, os quais podem persistir por até alguns meses. A pessoa infectada começa a transmitir o vírus antes mesmo de saber que está doente (cerca de 15 dias antes) e até 14 dias após o início da icterícia ou pico maior da infecção. Os sintomas aparecem até 40 dias após o contato.

De acordo com o professor Roberto Focaccia, estudos realizados nos anos 80 demonstravam que o risco de infecção estava relacionado com a educação sanitária do indivíduo e as condições de saneamento básico do local onde ele vivia. Esses estudos indicavam que 100% da população de baixa renda da cidade de São Paulo estava imunizada contra a hepatite A, porque já havia entrado em contato com o vírus.

No entanto, este panorama mudou fortemente em pouco mais de dez anos, por causa da melhoria dos serviços de saneamento básico e provavelmente pelo aumento da cloração da água, feito para evitar a chegada da cólera no Estado de São Paulo. Pesquisa feita no final dos anos 90, pelo Instituto de Infectologia Emílio Ribas e Fundação Hemocentro de São Paulo, com apoio do Instituto Datafolha, demonstrou que só 65% da população, independentemente da classe social, têm imunidade contra o vírus. "Ou seja, 35% dos paulistanos são suscetíveis à hepatite A, aumentando a necessidade da vacinação para toda a população", afirma o professor Roberto Focaccia.

Alimentos contaminados pela enchente

A nutricionista Andréa Luiza Jorge, chefe da Seção de Cozinha Experimental do Instituto Central do Hospital das Clínicas de São Paulo, orienta as donas de casa como selecionar alimentos para consumo após uma enchente para evitar a transmissão da hepatite A. Os cuidados são necessários porque o vírus é muito resistente e capaz de sobreviver 30 dias em alimentos secos (pães, bolachas, etc), 10 meses em frutas congeladas a 30° C negativos e 89 dias em água mineral conservada a 20° C.

Todos os alimentos preparados, expostos à inundação, devem ser jogados fora. Os alimentos crus também não podem ser aproveitados, por causa do risco de contaminação pelas águas sujas. A única exceção fica por conta das frutas com casca - melancia, manga, melão, laranja, mexerica -, que podem ser consumidas após de alguns cuidados. "Depois de lavar a superfície em água potável, a dona de casa deve submergir essas frutas por 15 minutos em solução clorada, fornecida pelos postos de saúde ou vendida em supermercados", explica a nutricionista.

Produtos enlatados, atingidos pelas enchentes, merecem atenção especial. Antes de abertas, as latas precisam ser lavadas com água e sabão. Panelas, talheres, pratos e outros utensílios de cozinha devem ser esfregados com água e sabão e escaldados em água fervente antes de voltarem ao uso.

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