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Opinião
09/01/2006 - 19h11
Eixo das Bananas
Maria Lucia Victor Barbosa
 

Janeiro. Começam para valer as férias. O tempo nas praias adquire ritmo mais lento e a vida recebe pinceladas azuis de céu e mar. Período em que a leitura de jornais, que já é pouca, se torna escassa ou nula. Na TV, meio de comunicação de massa por excelência, os noticiários se limitam a temas amenos ou a tragédias internacionais. De janeiro a março o Brasil se espreguiça enquanto fervem os bastidores da política. Principalmente quando o ano é de eleições.

Também o presidente da República resolveu tirar quatro dias de folga (não ficou explicado folga do quê) em uma praia privativa da Marinha próxima a Salvador. Curiosamente, o mesmo local onde por três vezes descansou seu antecessor Fernando Henrique Cardoso. Deste o governo Luiz Inácio também pirateou a política macroeconômica e tentou, sem êxito, copiar programas sociais. Lembremos que produtos piratas não têm garantia contra defeito.

Sua Excelência viajou com um dos filhos e dona Marisa Letícia, primeira-dama que estabelece notável e sensato contraste com o marido. Nada fala. Pelo menos em público. Certamente uma mudez que pode ser interpretada como medida de precaução semelhante a que impede o presidente de dar entrevistas coletivas. Os marqueteiros lhe permitem apenas entrevistas gravadas, devidamente ensaiadas e cuidadosamente editadas. Mesmo assim há risco de fracasso como aconteceu na recente entrevista concedida pelo presidente ao jornalista Pedro Bial.

Para quem duvidava ficou claro naquela ocasião que Luiz Inácio está longe de ser um grande comunicador, conforme um dos mitos que foi elaborado para seu culto. Semblante preocupado, por vezes assustado, só sorriu no fim, quem sabe ao comando de algum assessor. Foi repetitivo em demasia. Novamente afirmou que nada sabia a respeito da corrupção do seu governo e do seu partido. Faltou dizer que mensalão é piada de salão, como fez seu companheiro Delúbio Soares, por mais abundantes que sejam as provas acumuladas na CPI dos Correios (para a qual a tropa de choque do PT no Congresso prepara um relatório paralelo). Naturalmente, não faltaram os auto-elogios. Mas já vai saturando até o tom de voz de Sua Excelência.

Em todo caso é tempo de férias e o presidente Luiz Inácio, que muda repentinamente discurso e ação, não vai ficar apenas quatro dias de folga na Bahia. Contrariando afirmação anterior de que nesse ano viajaria apenas pelo Brasil (entenda-se isso à luz da campanha da reeleição) está de viagem marcada para Venezuela e Bolívia. Vai se encontrar de novo com dois de seus diletos companheiros do Eixo das Bananas ou da República das Bananas, Hugo Chávez e Evo Morales. Depois voltará à África.

Pode ser que com esses périplos o presidente esteja tentando reaver o sonho perdido referente ao Assento no Conselho de Segurança da ONU, obsessão do chanceler de fato, Marco Aurélio Garcia. Pode ser que ele simplesmente esteja querendo resgatar outro de seus mitos perdido: o de líder mundial. De todo modo, essas viagens sempre devem preocupar a nós, contribuintes, que custeamos o turismo político presidencial, assim como as generosas dádivas em dólares ou em obras que Luiz Inácio distribui com desenvoltura aos países subdesenvolvidos. Para nós restam recursos para tampar buracos, sem licitação. Ressalve-se que, segundo o ministro dos Transportes Alfredo Nascimento, a maquiagem das estradas só vai durar um ano. Tudo vai esburacar de novo e mais gente vai morrer, mas, então, o presidente já estaria em seu segundo mandato. Se for reeleito, é claro.

De todo modo, enquanto outubro não chega o Brasil se une cada vez mais ao Eixo das Bananas, cuja característica marcante é a mentalidade do atraso que inclui: o ataque sistemático aos Estados Unidos e a um nebuloso neoliberalismo, o vezo estatizante e a postura autoritária.

Com relação ao autoritarismo, exceção feita a Fidel Castro cuja ditadura é escancarada, os neocaudilhos populistas do Eixo das Bananas simulam uma democracia que de fato inexiste. O Brasil que segue sob a inspiração e a liderança de Hugo Chávez não escapa à regra. Observe-se, por exemplo, a estranha demissão de Boris Casoy da Record. Coincidentemente Casoy fazia o único noticiário independente da TV. E ainda que a emissora negue a pressão, curiosamente em agosto do ano passado o Banco do Brasil retirou seu patrocínio ao "Jornal da Record".

No caso da tentativa de criação da Ancinav ou do Conselho de Jornalismo, houve forte reação. Com relação à demissão de Boris Casoy, nem a mídia nem qualquer grupo de pressão se manifestou. Sinal de que estamos cada vez mais integrados ao Eixo das Bananas?

Nota do Editor: Maria Lucia Victor Barbosa é socióloga.

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