Estou convencido de que, se as eleições presidenciais marcadas para finais do ano fossem hoje, o nome indicado pelo PSDB seria consagrado pelas urnas. Então a escolha que aquele partido fará proximamente equivalerá a escolher o futuro governante do Brasil. Alckmin ou Serra, eis a questão. Haveria diferença entre eles? A julgar pela visão do próprio governador, em entrevista publicada no Estadão, não. Nas suas palavras: “Não há diferença conceitual entre nós dois. Somos do mesmo partido, somos social-democratas, defendemos uma economia de mercado subordinada aos interesses sociais, combatemos o laissez-faire”. Mas não é bem assim. O governador certamente tem que ser diplomático para viabilizar o próprio nome junto aos correligionários, não podendo hostilizar a ala mais doutrinária de sua legenda, aquela mais afinada com o Foro de São Paulo. Geraldo Alckmin não é um ideólogo como Serra, um militante outrora incendiário, um crente no socialismo como muitos que conheci. Eu sempre tive certo receito do homem público Serra, pelo seu dogmatismo, pela sua impetuosidade, pela sua inabalável fé no Estado, seja na sua ação distributiva, seja na sua ação regulatória. O abismo que separa Alckmin de Serra é infinitamente maior do que aquele que separa Serra de Lula. Entre esses dois últimos não vejo, a bem da verdade, maiores diferenças. Se eu tivesse que escolher entre Geraldo e Serra, certamente meu candidato seria o primeiro. Por três motivos fundamentais. Em primeiro lugar, gosto da serenidade do governador, que inspira segurança e confiança. Muita gente acha isso um defeito, como se lhe faltasse energia. Não penso assim, sinto nele alguém que pensa muito antes de emitir juízos, pondera os diversos aspectos da questão e não é nada verborrágico. No meio político é uma raridade. Num governante serenidade é uma qualidade muito superior à impetuosidade. Em segundo lugar, Alckmin pôs em prática a política possível de redução do Estado, do meu gosto liberal. Reduziu impostos, privatizou, tem caminhado na direção certa do ponto de vista econômico. Não fez qualquer pirotecnia de perseguição a empresários, como se tem visto na esfera federal. Inversamente, Serra tentou, no apagar das luzes do ano anterior, legislar por decreto em matéria tributária, modificando arbitrariamente a Planta Genérica de Valores, em franco desrespeito aos paulistanos e à Constituição. É um político de outra estirpe. Por fim, sua política de segurança pública é a mais sensata possível. Eu que moro na capital e freqüento o litoral percebo que a PM está mais presente, que há um esforço de modernização das polícias, que a ordem é não amolecer com os delinqüentes. A política chamada de direitos humanos, tão cara às esquerdas, foi meio deixada de lado, um movimento que aumentou a proteção aos cidadãos e deu às forças policiais mais desenvoltura. A inovação do patrulhamento por tropas de motocicletas foi muito eficiente, dando mobilidade e eficácia às ações de emergência. Só tenho elogios ao governador nesse quesito tão fundamental. Com Geraldo Alckmin o Brasil fará a melhor escolha possível, estará em boas mãos. Nota do Editor: José Nivaldo Cordeiro é executivo, nascido no Ceará. Reside atualmente em São Paulo. Declaradamente liberal, é um respeitado crítico das idéias coletivistas. É um dos mais relevantes articulistas nacionais do momento, escrevendo artigos diários para diversos jornais e sites nacionais. É Diretor da ANL – Associação Nacional de Livrarias.
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