Sempre gostei de definir meus termos. Assim que uma palavra crucial começa a ganhar muitos sentidos entre as pessoas, tenho a preocupação de determinar o âmbito em que a estou empregando, para evitar bate-boca ocioso. Lembro-me, quanto a isso, daquela colunista de sítio literário, que, convidada a conhecer o meu Galho de Arruda, mandou-me depois um e-mail inteiramente burocrático, mas no qual fazia questão de declarar que não tinha um blogue porque já era escritora. Blogue não tem posteridade, disse ela, encerrando o papo. Sou de 1948, como sabem. Um belo dia cansei de escrever para as gavetas, pois meu maior desejo era ganhar um dinheirinho com minhas crônicas..., e até viver disso, se pudesse. Veio a internet, e as coisas tomaram outro rumo, permitindo a pobres mortais como eu o exercício de sua provável vocação, independentemente da boa ou má sorte no chamado mundo literário. Já nossa escritora, que nasceu vinte e dois anos depois deste galho-arrudista, só quer saber de posteridade e de quem vai ficar na literatura. Posteridade contra quem? Saudades de Graciliano Ramos - o insuperável romancista andava colado às paredes, como um rato, para não ser reconhecido, suspeitoso dos aplausos dos contemporâneos e indiferente ao destino dos seus grandes livros.
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