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Opinião
27/01/2006 - 10h32
Palhaçada total
Olavo de Carvalho - Parlata
 

Muitas vezes, ao longo da história, o movimento comunista demonstrou sua capacidade de tirar proveito publicitário do próprio descrédito, trocando de pele e fazendo com que, da revelação de cada novo banho de sangue, o carrasco emergisse com as feições imaculadas de vítima sacrificial.

Mas nada se compara à mágica da transmutação que ele operou ao longo da última década e meia. A queda da URSS, os fracassos da economia socialista e a débâcle intelectual do marxismo não paralisaram o comunismo internacional, mas lhe deram um novo sentido de direção: despiram-no de seus adornos doutrinais e reduziram seu discurso ao ódio anti-americano puro e grosso.

O enxugamento ideológico, eliminando atritos que antes limitavam seus movimentos, permitiu que seu raio de ação se estendesse ad infinitum, irmanando comunistas, socialistas, progressistas de toda sorte, ateístas e secularistas em geral, militantes gays e black power, radicais muçulmanos, neonazistas, revisores do Holocausto, feministas, abortistas, narcotraficantes e, por fim, nacionalistas de direita (fascistas, para dizer o português claro) do Terceiro Mundo.

Que raio de sociedade melhor poderia surgir desse melting pot de tudo o que não presta - eis uma pergunta que pessoas educadas não fazem. O pressuposto subjacente é que os antagonismos inconciliáveis se resolverão espontaneamente para produzir um mundo maravilhoso tão logo removidos da cena planetária os últimos obstáculos à felicidade humana: o Grande Satã americano e seu mascote, o Pequeno Satã israelense.

Tal como o novo paraíso terrestre subseqüente ao Juízo Final tornará amigos o leão e o cordeiro, o reino de justiça e paz que deve emergir da eliminação dos EUA e de Israel trará ao mesmo tempo um governo socialista global e a independência das nações, a implantação mundial da sharia e a legalização dos casamentos homossexuais, a eliminação do racismo e a apoteose da superioridade ariana, a moralização universal e a liberação das drogas, o fim da exploração sexual infantil e o advento do sexo intergeracional. Não pergunte como. Não seja um estraga-prazeres.

A internacional comunista não está morta. Ressuscitou como Internacional da Estupidez Humana. Ao contrário de sua antecessora, que não agradava a todos, ela tem um número ilimitado de adeptos potenciais. Mas seu sucesso não se explica só pela atração do abismo: funda-se numa bem montada estrutura de apoio, que abrange desde a malha planetária dos velhos partidos comunistas, com nomes trocados ou não, até a grande mídia internacional praticamente inteira, a militância islâmica onipresente e a rede global de ONGs ativistas subsidiadas por fundações bilionárias como Rockefeller, Soros ou Ford. Já desde a década de 50 uma comissão parlamentar (v. René Wormser, Foundations: Their Power and Influence, New York, 1958) comprovou que muitas dessas fundações se empenhavam na destruição do sistema americano, visando à constituição de um poder mundial de inspiração socialista. Passado meio século, o fruto desses esforços ganhou vida e está gritando pelas ruas. Com um detalhe especialmente perverso: como a maioria delas tem origem e sede nos próprios EUA, sua atuação é facilmente utilizada como slogan publicitário anti-americano, persuasivo ante platéias semiletradas incapazes de captar a sutil ambigüidade da operação. No Brasil, por exemplo, sob a influência de esquerdistas espertalhões infiltrados na ESG, os generais Andrade Nery e Baeta Neves, entre outros, apontam a presença de pseudópodos dessas organizações na Amazônia como argumentos fulminantes contra o Grande Satã. Dando as mãos aos comunistas do Foro de São Paulo e ajudando Fidel Castro a resgatar na América Latina o que se perdeu no leste europeu, podem assim condenar como agente do imperialismo quem quer que se oponha a esse projeto, ao mesmo tempo que alegam seu passado militar como prova de patriotismo imune a contaminações esquerdistas. É a palhaçada total.


Nota do Editor: Olavo de Carvalho é jornalista e filósofo nascido em Campinas, Estado de São Paulo, em 29 de abril de 1947. Tem sido saudado pela crítica como um dos mais originais e audaciosos pensadores brasileiros. Professor de filosofia e diretor do Seminário de Filosofia do Centro Universitário da Cidade (RJ). Autor das obras "O Jardim das Aflições" e "O Imbecil Coletivo: Atualidades Inculturais Brasileiras". Editor do site Mídia Sem Máscara.

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