Sem sombra de dúvida, Lula-lá, o homem-massa de Ortega Y Gasset, será um marco em nossa política. Daqui a trinta anos, se alguém se lembrar dele, o valerioduto será sua essência. Empossado, aliou-se a partidos e a políticos sobre os quais sempre destilou ódio e repulsa. Ao chamar os ex-presidentes de "covardes", por não terem erradicado a seca no nordeste - em poucos meses mais um "covarde" será incluído na lista -, Sarney foi assegurado por Genoino e Mercadante de que não estava incluído na crítica, mas que era sim, um "grande estadista". Mas o PT não está só. Na Assembléia Legislativa de São Paulo há 65 pedidos de CPIs, mas a base do governador Alckmin as estaria boicotando desde 2003: supostas irregularidades na execução de contratos de financiamento estrangeiro para as obras de despoluição do Tietê, investigação da Febem e a apuração de supostas irregularidades nas obras do Rodoanel são exemplos. O "Congresso em Foco" avaliou o Partido Verde como o "que esteve mais distante do plenário em 2005. O único integrante da bancada com mais de 90% de presença é Fernando Gabeira (RJ)". Também os "principais partidos de oposição ao governo Lula, o PFL e o PSDB estão entre as cinco bancadas com menor índice de freqüência em plenário." O ministro da Fazenda, Antônio Palocci, devia muitas explicações à CPI dos Bingos. Acusações de corrupção de quando era prefeito em Ribeirão Preto não faltam: suposta arrecadação clandestina de dinheiro na campanha de Lula, tráfico de influência com participação de antigos e atuais assessores, irregularidades em licitações, o Cubagate etc. Foram seis horas de negações. Segundo a Folha de S. Paulo, Palocci "articulou diretamente a liberação de recursos públicos para agradar a senadores oposicionistas e ser bem tratado no depoimento na CPI dos Bingos." Pelo afago, "foi poupado de críticas mais duras". No dia em que foi depor na CPI, "Palocci autorizou o refinanciamento de até R$ 184 milhões em dívidas de cacaueiros da Bahia", atendendo ao senador ACM (PFL-BA). A atuação pessoal de Palocci na liberação de verbas aos parlamentares oposicionistas vem ocorrendo desde o final de 2005. E mais: Cláudio Mourão, ex-tesoureiro do senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG), afirmou à Polícia Federal de que houve caixa 2 bandido na campanha de 1998, e que Duda Mendonça recebeu "por fora" R$ 3,8 milhões via valerioduto. Já o deputado tucano Gustavo Fruet foi trocado no Conselho de Ética por outro de seu partido: Jutahy Magalhães. É que Fruet faz parte da CPI dos Correios e, por orientação de Alberto Goldman, líder tucano na Câmara, teria de votar pela absolvição de Roberto Brant (PFL-MG) por receber R$ 108 mil da Usiminas também via valerioduto. Conversa entre Fruet e Goldman: "Como posso desfazer no Conselho de Ética o trabalho que ajudei a fazer na CPI dos Correios? Seria uma incoerência", argumentou Fruet. Goldman insistiu. "Mas essa é uma posição do partido? O partido vai lançar nota oficial defendendo a absolvição de Brant?", indagou Fruet. "Não podemos chegar a tanto", respondeu Goldman. Já a deputada petista Ângela Guadagnin, afirmou ter votado na absolvição de Brant por "coerência", pois sempre tem defendido penas menores aos citados no escândalo. É por essas e muitas outras que se jogarem metade da incoerência do PT e da "oposição" no inferno o fogo se apaga. Nota do Editor: André Arruda Plácido é professor de comunicação, escritor e jornalista, graduado em Relações Públicas pela Universidade Estadual de Londrina (PR) e especializado em Comunicação e Liderança pelo Haggai Institute, de Cingapura.
|