O instituto da verticalização veio para dar um mínimo de coerência ao nosso caótico sistema partidário. Nada mais natural e coerente que as coligações partidárias nos planos municipal e estadual respeitem a coligação principal estabelecida no plano Federal. Lula, por querer fazer uma salada partidária da qual se beneficiaria diretamente, pois faria um "vale-tudo" para alcançar o seu único objetivo (obsessão) que é a reeleição, tem apresentado um argumento falacioso e cínico. Ele diz. "Não quero que ninguém se sinta obrigado a me apoiar..." ou, por outra, "Seria o mesmo que permitir a bigamia, pois abre espaço para a trairagem". Ora bolas, a verticalização não obriga ninguém a apoiar ninguém, a não ser que o queira, assim como a não verticalização também não trás nenhuma obrigação de apoio. Esta questão do apoio caberá a cada um decidir. Quanto à bigamia e ’trairagem’ que Lula reputa ser inerente à verticalização, o que acorre de fato é justamente o contrário, ou seja, ela estabelece é a proibição da bigamia, trigamia ou quadrigamia, vez que, com ela, todos os partidos ficam impedidos de constituírem "alianças/casamentos" com tantos quantos desejarem nos estados e municípios à revelia da coligação principal que é a de âmbito federal. Com a queda da verticalização, joga-se fora a última chance de termos partidos com perfil ideológico minimamente definidos. Sem ela, pratica-se uma "salada ideológica" que somente tende a confundir o eleitorado. Nota do Editor: Rodrigo Borges de Campos Netto é cientista político.
|